Segundo O Estado de S. Paulo, Murgel Branco diz que os dados do programa não permitem apontar um motivo da reprovação dos seminovos, mas sim levantar hipóteses. Uma delas, destaca o consultor, é o mau uso do veículo por proprietários, que abririam mão da manutenção adequada ou fariam ajustes para aumentar a potência do motor, levando o automóvel a extrapolar os limites de emissões.
A outra hipótese é levantada pelo médico Paulo Saldiva, professor da Faculdade de Medicina da USP: em alguns casos, as montadoras de veículos estariam encontrando dificuldades em se adaptar aos padrões ambientais vigentes. "Como alguns veículos novos não estão passando na inspeção, já levantaram uma discussão da revisão das normas do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Mas temos de ver se não é algo de adaptação tecnológica da indústria", diz Saldiva, em referência a um pedido da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) para revisar o limite de emissão de monóxido de carbono, um dos gases poluentes alvos da inspeção.
Em 2010, dos 3 milhões de veículos que passaram pelo teste ambiental (automóveis, vans, ônibus, caminhões e motos), 96,2% foram aprovados após uma, duas ou mais inspeções.
Em evento realizado na Faculdade de Medicina da USP, Branco fez análise abrangente do programa ambiental, cuja implantação na capital começou a ser feita em 2008, e um balanço positivo do impacto das inspeções na regulagem dos veículos da cidade. Pela exposição, os carros flex são os que menos poluem e para os quais a regulagem do motor dura mais tempo.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 19 de maio de 2011