Dia 17 de maio, a reportagem do Estado acompanhou a travessia de dez pedestres em diferentes cruzamentos do centro para verificar se houve mudança no comportamento de pedestres e motoristas. Se fosse para fazer um placar, como em um jogo de futebol, o resultado seria de 8 a 2 para o desrespeito.
Vale ressaltar que as duas cenas de respeito aos pedestres ocorreram quando havia por perto marronzinhos ou outras ações da ZMPP.
Na Rua Cincinato Braga, um carro chegou a encostar de leve na vendedora Maria Júlia Oliveira. O veículo estava parado do lado esquerdo e queria um espaço para voltar para a pista quando o semáforo abrisse. Por isso, foi "embicando" em cima da faixa de pedestres. O caso ocorreu ao lado de um agente da São Paulo Transporte (SPTrans), que auxilia na campanha. "Nem quando está vermelho eles param para os pedestres. Tinha era de multar todo mundo", disse ele. A CET afirma que intensificará a aplicação de multas para os infratores após um período de adaptação.
O estudante Rafael de Oliveira Marques, de 23, foi um dos poucos entrevistados que conseguiram atravessar totalmente em segurança. Por volta das 15h, um agente da CET parou o fluxo de carros na Rua dos Ingleses para que ele passasse. A ação provocou uma lentidão momentânea na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, de onde vêm veículos que entram na Rua dos Ingleses. "Simplesmente não acreditei quando o marronzinho apitou para todos pararem e eu atravessar. Nem parece São Paulo", brincou.
Marronzinhos
Outro caso de respeito aconteceu na Rua Líbero Badaró, onde há faixa de pedestres sem semáforo. Um agente da CET esperou formar um grupo de seis pessoas para então parar o tráfego dos veículos e permitir a passagem dos pedestres. Entre eles estava o contador João Carlos Martins. "O problema é que eu passo aqui quando vou embora no fim do dia e, sem o marronzinho, ninguém para."
A CET foi questionada se, nesse caso, os agentes não estão apenas orientando o tráfego, e não conscientizando os motoristas, que passam a desrespeitar quem está a pé sem a presença dos marronzinhos.
A companhia respondeu que o programa de proteção ao pedestre requer mudança de comportamento de motoristas e pedestres em relação ao respeito à faixa de segurança, o que é um processo contínuo.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 19 de maio de 2011