A média dos corredores da cidade é de 20 km/h - o ideal é andar entre 20 km/h e 25 km/h, segundo especialistas. A Paulista passa longe disso: em abril, os ônibus andavam no máximo a 13 km/h no trecho, diz a SPTrans. A avenida, vale dizer, não é um corredor exclusivo de ônibus. Nela também se concentram táxis, carros-fortes e automóveis que estacionam nos prédios comerciais. Há, ainda, 31 semáforos nos 3 km da via, o que aumenta a lentidão dos ônibus, na faixa da direita. "Tem dias em que até pedestre anda mais rápido", atesta o motorista Eliel de Lima, da linha Vila Anastácio-Metrô Paraíso, que passa até meia hora na Paulista. Ele dá voz a uma reclamação comum: o trecho da avenida Paulista trava o fluxo dos coletivos que têm de passar ali. O maior prejuízo, segundo a SP Urbanuss, sindicato das empresas de ônibus, é com a pontualidade. Nos períodos de maior movimento, não é preciso ter pressa para tomar o ônibus. A pé, é possível alcançá-lo, tamanha a lentidão.
Prioridade
Para Horácio Figueira, consultor de trânsito, a prefeitura deveria dar prioridade aos ônibus com a criação de um corredor exclusivo na faixa da esquerda, ainda que à custa de reduzir a largura das faixas da avenida. Outra solução seriam semáforos sincronizados por radiofrequência com os ônibus, o que diminuiria as paradas dos coletivos em sinais vermelhos. Ele fez um levantamento segundo o qual os automóveis levam cerca de 5.000 pessoas por hora em três faixas da Paulista. No mesmo tempo, na faixa usada pelos ônibus, são carregados 10 mil.
Por ora, a prefeitura estuda reduzir as linhas que passam na Paulista para fazer andar os demais ônibus. Para Jaime Waisman, professor da USP e consultor, a ideia é adequada. Ele critica, no entanto, o adensamento da região: está em construção na via um shopping, no terreno da antiga mansão dos Matarazzo, que despejará 1.090 veículos a mais na avenida a cada hora, segundo dados da CET.
Fonte: Folha de S. Paulo, 24 de maio de 2011