"Além do cuidado extra com a manutenção do automóvel, o motorista deve estar preparado para mudar seu comportamento e suas atitudes ao dirigir", explica Christian Conde, presidente da Associação Brasileira de Blindagem, Abrablin. Hábitos como dirigir com portas destravadas e vidros abaixados devem ser abolidos. O condutor também precisa manter uma distância segura dos outros carros, já que isso facilita evasões no caso de eventuais abordagens ou encurralamentos.
Diante da necessidade em modificar a maneira de dirigir depois de comprar um blindado, empresas especializadas aconselham que os proprietários se submetam a cursos especializados de direção evasiva, já que certas decisões do motorista podem intensificar a eficiência da blindagem. "Nós simulamos situações de bloqueio e o motorista aprende, na prática, a utilizar sua capacidade de decisão para escolher a melhor saída em casos extremos", afirma o instrutor Ricardo Luiz Ramos, que ministra o curso de Direção Evasiva e Defensiva na Piquet Blindagens, do Rio de Janeiro.
A blindagem também pode provocar desgaste maior de pneus, freios, amortecedores e suspensão. Por isso, é importante que os proprietários estejam atentos às revisões regulares, e acrescentem vistorias específicas às mantas blindadas e aos dispositivos acionadores dos vidros. Na hora de realizar as revisões regulares, o proprietário de um blindado pode agendá-las guiado pelas instruções de seu manual de uso do veículo. "Os fabricantes de veículos oferecem um calendário para 'utilização severa', categoria específica para situações que tendem a desgastar mais rapidamente determinadas peças", alerta Felício Félix, analista técnico do Centro de Experimentação e Segurança Viária, Cesvi Brasil.
Já a revisão da blindagem deve ser feita a cada seis meses. O procedimento analisa a conservação do material utilizado e a fixação das mantas de aramida, fibra sintética de alta resistência fundamental nas blindagens. "O processo de blindagem não tem prazo de validade definido, desde que o motorista seja cauteloso quanto à manutenção e também à condução do veículo", define Rogério Garrubbo, diretor da Concept Blindagens, de São Paulo.
"Os vidros blindados invariavelmente sofrem com a ação do tempo, principalmente por causa da variação de temperatura. A incidência direta do sol faz o vidro dilatar, e o ar condicionado na potência máxima faz o vidro retrair", explica Andrei Rovai, dono da Confiance Blindagem, uma das especializadas na manutenção. Ao longo de dois ou três anos, essa variação provoca a delaminação, caracterizado pelo surgimento de bolhas de ar. Este processo desloca as camadas que compõem os vidros - como se fossem uma lasanha - e enfraquece o policarbonato, que é o material resistente aos tiros disparados contra o vidro.
O reparo especializado pode corrigir a delaminação, mas ele pode ser prevenido com alguns cuidados especiais. A limpeza deve ser feita com água morna e sabão neutro. Outra dica muito importante é evitar o fechamento das portas com os vidros abertos, já que as placas de vidro acopladas ao policarbonato se tornam mais suscetíveis a trincados. "O segredo da boa conservação de um blindado está no reconhecimento do usuário das novas características do veículo", sintetiza Felício Félix, analista do Cesvi.
Fonte: Auto Press, 20 de maio de 2011