A tensão causada pelo trânsito e pelo risco de assaltos também contribui para o aparecimento de doenças. "Todos os condutores estão sujeitos a riscos variados. No final do dia, um motorista submetido a condições estressantes é capaz de sofrer tontura, problemas de audição, dores de cabeça e no corpo, entre outros problemas", diagnostica o dr. Henrique Naoki Shimabukuro, membro do Departamento de Medicina de Tráfego da Associação Paulista de Medicina.
O próprio veículo compromete a qualidade de vida dos motoristas. A trepidação de um motor desregulado pode, por exemplo, causar contraturas musculares e fadiga intensa. Além disso, a vibração ainda prejudica as articulações do joelho, do cotovelo e dos ombros. Outro perigo rotineiro é o barulho dos motores, que põe em risco a audição de quem está dentro do veículo. "O motorista recebe em média 87 decibéis, enquanto a legislação preconiza que esse ruído seja de, no máximo, 85 decibéis. Em casos extremos, esta exposição aos ruídos pode acarretar a perda total da audição", adverte o dr. Dirceu Rodrigues Alves Jr., chefe do departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional e diretor da Abramet.
Alguns problemas seriam evitados com cuidados simples. Como prestar atenção na posição correta de sentar, já que má postura afeta a coluna. "O ideal é que o motorista sente com um ângulo de 90 graus entre a coluna e as pernas. O banco não pode estar muito para frente ou para trás", esclarece o Dr. Maurício de Moraes, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia de São Paulo. O braço totalmente esticado para segurar no volante é outro erro, pois gera tensão nos ombros, cotovelos e pulsos.
Também há uma maneira correta de se pegar no volante. "Recomenda-se que as mãos no volante estejam na posição chamada 9:15, como os ponteiros do relógio", complementa o dr. Dirceu Rodrigues Alves Jr.
Atitudes rotineiras aparentemente insignificantes também requerem atenção do motorista. A troca de marchas é um exemplo. A ação deve ser feita com a mão reta. A troca de forma errada, em casos extremos, pode levar a uma doença chamada síndrome do túnel do carpo.
Como se não bastassem todos esses problemas, o motorista ainda está à mercê de situações que fogem ao seu controle. Os riscos biológicos são um exemplo. Os carros naturalmente turbilhonam as poeiras do solo, recheadas de microorganismos e de produtos químicos, que invadem o habitáculo. Essa poeira acaba sendo ingerida ou inalada pelo motorista e passageiros. Nela estão bactérias e fungos que afetam as defesas do organismo. Isso sem contar com a poluição do ar, que costuma ser mais intensa em grandes engarrafamentos. "As doenças respiratórias são caracterizadas por um processo inflamatório crônico das mucosas das vias aéreas. Elas pioram com a exposição aos agentes químicos da poluição", explica o alergista Fábio Morato Castro, da Universidade de São Paulo. Um estudo da própria Faculdade de Medicina da USP aponta que, apenas na cidade de São Paulo, morrem, em média, 12 pessoas por dia devido à poluição, encurtando a vida média do paulistano em um ano e meio. Uma dica dos especialistas é, dentro do possível, sair de casa fora dos horários de pico e evitar as vias com maior concentração de automóveis. Ações simples, mas importantes em relação à melhoria da qualidade de vida dos motoristas.
Instantâneas
- O estresse é praticamente inevitável, mas exercícios físicos e aeróbicos podem contribuir para uma melhor qualidade de vida.
- Pessoas com estresse pós-traumático podem ser tratadas com terapia ou/e remédios.
- Dirigir um carro sem ar-condicionado sob o sol forte pode causar desidratação. Nestas situações o aconselhável é que o condutor utilize roupas leves e beba bastante água.
Fonte: Auto Press, 29 de abril de 2011