Por serem abertos, esses novos empreendimentos facilitam a circulação de pessoas e podem ajudar a induzir o desenvolvimento de uma região, segundo urbanistas. Por outro lado, a geração de tráfego pesado preocupa quem já vive na vizinhança.
O "novo bairro da capital" está sendo erguido pelas construtoras Tecnisa e PDG e vai ocupar uma área de 250 mil m² sem uso há pelo menos cinco anos - até 2006, o terreno pertencia à Telefonica. Além das torres, o conjunto terá 50 mil m² de áreas verdes abertas ao público - um pouco mais que o Parque Trianon, na Avenida Paulista, região central.
Outras áreas degradadas ou abandonadas poderão ganhar o status de bairros planejados nos próximos anos. A construtora MZM pretende construir, a partir do primeiro semestre de 2013, 52 prédios de seis andares perto da Rodovia Raposo Tavares, no Butantã, zona oeste.
A Odebrecht estuda como vai usar um terreno de 82 mil m² em Santo Amaro, zona sul, onde funcionava a fábrica de bicicletas da Monark. Um exemplo mais concreto é o Espaço Cerâmica, em São Caetano do Sul, no ABC paulista.
"Esse abandono do condomínio fechado é um ponto positivo. Estamos falando de um modelo menos exclusivista do que os condomínios-clube", avalia o professor de arquitetura do Mackenzie Luiz Guilherme Castro.
O sucesso da empreitada depende de dividir os prédios entre residência, comércio e diferentes classes sociais, segundo ele. Para isso, o presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Cláudio Bernardes, defende que o mercado proporcione um "subsídio cruzado", em que o lucro obtido com os imóveis mais caros ajude a pagar o valor das unidades menores.
Impactos
Na lista de impactos negativos de empreendimentos como o Jardim das Perdizes, o trânsito ocupa o topo. "Esse povo todo vai ter carro. Se hoje a (Avenida) Marquês (de São Vicente) e o Viaduto Pompeia já travam às 18h, imagina como vai ficar com os prédios?", questiona Maria Antonieta Lima e Silva, presidente da Associação Amigos da Vila Pompeia.
Na tentativa de reduzir esse efeito, duas avenidas contornarão o Jardim das Perdizes para servir de rota alternativa à Marquês de São Vicente. Outras 14 ruas cortam o lote. Ônibus municipais também deverão cruzar as vias do "novo bairro". Além disso, o terreno terá ciclovias, rotas para pedestres e até um sistema de aluguel de bicicletas.
"É como pegar uma folha em branco. Nesse projeto, usamos tudo o que temos de melhor em urbanismo", afirma Fabio Villas Bôas, diretor da Tecnisa. Ele lembra que o terreno terá um sistema de drenagem capaz de absorver toda a chuva, aquecimento solar nas 30 torres, internet sem fio gratuita, iluminação de LED e tomadas para carros elétricos.
Uma área de 12 mil m² será doada à Prefeitura, que ainda não definiu o que vai fazer no terreno. Os prédios deverão começar a ser construídos no segundo semestre deste ano.
Fonte: Jornal da Tarde, 8 de abril de 2012