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O Brasil já teve a oitava maior ferrovia do mundo. Após a Segunda Guerra Mundial, na década de 1940, teve dificuldades na importação de material. Entre 1935 e 1950, as concessões foram vencendo, e o governo passou a controlar as companhias. Em 1957, nasceu a Rede Ferroviária Federal. Uniu 22 ferrovias do país, mas foi o último suspiro do trem, mostrou reportagem do Globo Repórter.
O trem transportou nossas riquezas e encurtou distâncias nas viagens de passageiros, mas não conquistou a simpatia de nossos governantes. A partir da década de 1960, embarcou rumo à decadência. O presidente Washington Luís já dizia que governar é abrir estradas, e quando Juscelino Kubitschek assumiu, em 1956, o Brasil começou a sair dos trilhos. Deixou de ser um país de primeira classe da ferrovia.
O mapa ferroviário de 1958 mostra quando nossas estradas de ferro atingiram a extensão máxima, cerca de 38 mil km - quase a distância de ida e volta até o Japão.
O mapa mais recente, o de 2007, revela uma ferrovia menor. Perdemos 10 mil km de linhas. Mas não se engane: daquelas que ficaram, 62% estão ociosas ou abandonadas, segundo a própria Agência Nacional de Transportes Terrestres. A ferrovia parou e deu passagem ao transporte rodoviário.
O país esqueceu o trem e incentivou a indústria automobilística. Queria chegar mais rápido ao progresso. Mas, hoje, nos grandes centros, a velocidade é bem menor que a das "marias-fumaça".
Na contramão da história, um trem de passageiros ainda resiste. Na estação de Belo Horizonte, a dor de quem fica e a alegria de quem vai pela primeira vez. O trem de Minas ao Espírito Santo é uma novidade para a cabeleireira Regina.
"É um sonho que eu tenho há muito tempo e todo mundo fala", conta.
Mas há mais de um século essa viagem é realizada todos os dias. São mais de 600 km passando por cidades como Itabira, João Monlevade, Ipatinga e Governador Valadares. Cenários exclusivos da janela do trem.
A ferrovia por onde passam 40% do transporte de carga do Brasil atravessa uma área explorada pela maior mineradora do país.
A classe econômica não tem ar condicionado, mas está cheia de calor humano. Seu Silas, de 75 anos, já fez esse mesmo trecho no trem do passado.
"Andei na maria-fumaça. Aquele fogo da maria-fumaça queimava o chapéu, queimava o terno da pessoa. Agora está uma maravilha", lembra.
Ele mora em Belo Horizonte, e, graças ao trem, pode visitar a filha em Governador Valadares. "Eu gosto de viajar de trem, porque é calmo. Você viaja com gente igual a você mesmo. Aqui é todo mundo igual", analisa.
O trem partiu de Belo Horizonte às 7h da manhã e chega a Vila Velha, na Grande Vitória, às 20h.
O Globo Repórter fez uma viagem pelo trem do futuro, a 300 km por hora, da Inglaterra para a França, a bordo do Euro Trem, a mais alta tecnologia da Europa.
Londres e Paris estão separadas por mais de 600 km e uma fronteira natural: o Canal da Mancha. Em 1994, foi construído um túnel submarino para fazer essa ligação de trem, com a mais moderna engenharia ferroviária. O conforto é impressionante. Tudo é acarpetado. A pontualidade é britânica. O bar divide a primeira e a segunda classe. Na segunda, as poltronas são um pouco menores, mas também são acolchoadas e confortáveis, bem melhores que os trens que estamos acostumados a ver no Brasil.
Quem imaginaria um trem a 60 metros de profundidade no Oceano Atlântico? E ainda conectado ao mundo. Em cada carro, uma nova nacionalidade.
A carioca Alessandra e o marido inglês vão passar o fim de semana em Paris. Se fosse de avião, ela pagaria praticamente o mesmo preço, mas o trem traz outras vantagens.
"Não tem as tremidas. E tem as paisagens", lista Alessandra.
O Euro Trem tem 18 partidas diárias para a França. É um transporte seguro e rápido.
Fonte: Globo Repórter, 6 de abril de 2012

Categoria: Geral


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