A frota nacional avançou de 30 milhões para 50 milhões de veículos nos últimos dez anos. Ao mesmo tempo, o número de ônibus em nove capitais caiu 9%. A quantidade de passageiros transportados, 25%. São Paulo já dá à luz mais carros (800 por dia) do que bebês (500). E assim a metrópole que historicamente investe mais em viadutos do que em linhas de metrô vai desfrutando a sua tragicomédia particular.
Segundo a Folha de S.Paulo, os congestionamentos agora começam nas garagens, pois está cada vez mais difícil sair de casa com o carro devido ao inacreditável vaivém motorizado além do portão. Especialistas dizem que a solução deve passar pela ampliação do transporte coletivo de qualidade e pela restrição à circulação de veículos. É isso ou o colapso.
A Revista descreve algumas medidas adotadas em outras metrópoles:
Bogotá: Corredores de ônibus têm pista dupla para permitir ultrapassagens. A velocidade média é de 27 km/h. Em São Paulo, 12 km/h.
Londres: Motoristas de automóveis pagam o equivalente a R$ 35 para circular no centro. O trânsito local caiu 30% e o prefeito foi reeleito.
Dublin: Duas linhas de metrô de superfície (bondes), com 29 estações, transportam 90 mil pessoas por dia.
Paris: Há 10 mil bicicletas públicas espalhadas em 750 pontos. Por R$ 2,64 pode-se retirar a bicicleta num lugar e, uma hora depois, devolvê-la noutro.
Cingapura: Uma licença caríssima de propriedade de veículos (cerca de R$ 21 mil) tenta restringir o tráfego. A frota cresceu só 2,5% na última década.
São Paulo: A prefeitura quer proibir o estacionamento em algumas ruas. Mas das 5h30 às 7h30, quando o número de carros em circulação é baixo. O rodízio já está saturado.
Fonte: Revista da Semana (SP), 24 de março de 2008