Na avaliação da professora do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Liedi Bernucci, uma carga maior por eixo ampliará o número de trincamentos, buracos e deformações nas pistas. Ela apresentou uma pesquisa com dados de três rodovias brasileiras (os nomes não foram divulgados) que comprovam o desgaste. Caso o Contran decida ampliar a tolerância de peso, a vida útil de pavimentação nova cairá de 15 para 12 anos. ?Há uma pressão muito grande dos transportadores para a mudança, para escoar produção. Porém, é uma decisão de Estado e uma questão social. Todos nós vamos pagar essa conta?, disse.
De acordo com o docente de Rodovias e Tópicos Avançados em Vias Rurais e Urbanas, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, João Fortini Albano, o Brasil possui uma malha rodoviária pavimentada de 219,8 mil km e estimada em R$ 330 bilhões. O problema é que 62,7% dela são considerados péssimos, ruins ou regulares. Ele estima que, se houvesse uma operação tapa buraco anualmente e três recapeamentos em um período de duas décadas nas estradas brasileiras, seria possível economizar R$ 2,088 bilhões por ano. ?A falta de manutenção gera um maior custo operacional dos veículos, contribui para o número de vítimas fatais e provoca uma concorrência desleal com aqueles que seguem as normas?.
Fiscalização falha
Assim como Liedi, Albano destacou que a fiscalização sobre o excesso de peso dos caminhões é muito falha. Além da falta de balanças nas rodovias, vários equipamentos estão quebrados e há uma grande carência de agentes públicos nessa área.
Para aperfeiçoar o monitoramento e dificultar a vida daqueles que burlam as regras, a União planeja aplicar multas proporcionais ao excesso de carga e instalar sensores em algumas estradas para verificar o peso, o que agilizará as abordagens aos condutores.
Fonte: A Tribuna (Santos-SP), 14 de agosto de 2013