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Retomada da economia e efeitos nos estacionamentos

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Por Jorge Hori*

As perspectivas gerais da economia brasileira o associado as encontrará diariamente na mídia. Não precisa da informação ou seleção de informações promovida pelo Sindicato. Mas, diante de diversas posições e projeções, pode precisar de análises adicionais para avaliar em qual das projeções acreditar.

O que ele não vai encontrar nas análises gerais é o impacto das projeções sobre o negócio de estacionamento e sobre o seu em particular.

Há duas perspectivas sobre a evolução futura da economia brasileira: uma dos analistas e formadores de opinião e outra da economia real.

A perspectiva dominante dos analistas é de uma inflexão na trajetória da economia, revertendo de sucessivas quedas para uma retomada do crescimento. Porém, de forma lenta e baixa, oscilando entre0,5 a2% de crescimento do PIB, em relação ao de 2016. Essas perspectivas se baseiam no que está nos livros e que ocorreu anteriormente na economia brasileira.

As visões dos analistas são predominantemente pelo retrovisor, que transmite as imagens com atraso. No dia 7 de março, o IBGE deverá divulgar os resultados do PIB de 2016, confirmando uma queda da ordem de 3%. A imagem do resultado negativo deverá influir no humor do mercado, apesar de ser um dado defasado.

Os dados mais recentes indicariam uma melhoria da economia, mas ainda não substancial, com os níveis de desemprego ainda elevados.

A enorme mobilização nas duas capitais brasileiras, para o Carnaval de blocos nas ruas indicaria que a população está mais animada. Mas alguns, mais céticos, avaliam que é uma manifestação de fuga ou até mesmo cínica. Brincar, pular e beber nas ruas no Carnaval seria uma forma de afastar ou esquecer as agruras que tiveram de enfrentar e que voltarão a enfrentar nos próximos dias. Outros acham que o povo brasileiro "pula o Carnaval" em qualquer circunstância. No entanto, é preciso ver que o volume de pessoas nas ruas foi muito superior ao ocorrido anteriormente. Com menor volume de patrocínios e maior volume de gastos e consumo. "Os ambulantes agradecem."

Apesar da divulgação de indicadores negativos de2016, asensação de muitos é que o primeiro trimestre já está melhor e vai ser refletido na veiculação dos resultados oficiais, prevista para o início de junho.

A expectativa do mercado e do governo é o impacto da liberação das contas inativas do FGTS, que deverá irrigar a economia urbana com cerca de 30 bilhões de reais. O impacto inicial deverá ser no comércio.

Significa que os consumidores irão mais aos shopping centers, aos super e hipermercados, com os seus carros, ocupando mais as vagas dos estacionamentos. Poderão também aumentar a ida e as compras nas lojas de rua, gerando demanda por vagas, em garagens próximas.

Apesar de os analistas desprezarem ou minimizarem os impactos da geração de recursos pela agricultura exportadora, essa também deverá beneficiar - de imediato - o comércio e, por consequência, a demanda por vagas nos estacionamentos.

O epicentro da elevação da demanda, decorrente da liberação das contas inativas do FGTS, será São Paulo, o principal polo de consumo nacional e onde, supostamente, está reunida a maior parte das contas. Mas, dado o calendário de liberações, o impacto deverá se diluir dentro de todo o trimestre. Deve-se ainda considerar que grande parte dos recursos serão utilizados para liquidar ou transformar dívidas. E os valores maiores serão reinvestidos em aplicações com rendimentos melhores. O impacto específico deverá ser menor do que o esperado ou alardeado pelo Governo e por analistas, mas deverá se somar a outras medidas favoráveis.

O impacto da renda da agricultura se localizará - inicialmente - nos polos comerciais das regiões produtoras, porém, terá impacto sobre a indústria de outras regiões. Um dos primeiros gastos dos produtores, além do investimento para as próximas safras, é com a renovação da sua frota de veículos, que deverão se concentrar nas SUVs e nas pick-ups. Terá efeito sobre os estacionamentos nessas regiões, contudo, o efeito nas grandes capitais será retardado.

Num segundo momento, consolidado o ingresso de recursos, mesmo com o dólar em baixa, as compras passarão a ocorrer nos grandes centros, tanto os regionais como os nacionais e os internacionais. Haverá um aumento das viagens internacionais. Muitos fazendeiros e comerciantes beneficiados com as receitas das exportações de grãos virão fazer compras em São Paulo, com seus veículos novos. Alguns virão a São Paulo para comprar o seu veículo novo, podendo vir com o carro atual para troca. Haverá um impacto sobre o trânsito e a demanda de vagas em estacionamentos, mas será de caráter pontual.

Os shopping centers de São Paulo, principalmente os dedicados a lojas de grife, venderão mais. Os estacionamentos desses centros de compras terão maior demanda.

Os estacionamentos não são capazes de gerar a sua própria demanda. Quem gera a demanda é a atividade de destino do motorista, principalmente o local de trabalho. Em São Paulo, um centro predominantemente de empregos em serviços e não mais na indústria, a demanda por vagas de estacionamento dependerá principalmente da retomada de contratação de empregados para os escritórios.

Essa retomada ainda será demorada, só devendo ocorrer de forma mais intensa no segundo semestre.

A cronologia real da reativação da economia começa com a retomada do consumo familiar. Em primeiro lugar pela contenção dos preços, que gera a sensação de "barateamento dos produtos", induzindo a maiores compras. Dentre essas os primeiros acréscimos são de produtos alimentares, favorecendo os supermercados, mercearias e quitandas. Na sequência vêm os bens duráveis, cujas vendas poderão ser aceleradas com a redução das taxas de juros.

O comércio fará maiores encomendas à indústria, gerando - ao menos - três impactos sobre o mercado de empregos: aumento de empregos no comércio, na indústria e nos serviços logísticos.

O aquecimento da demanda poderia gerar aumento de preços específicos, contribuindo - no conjunto - para o recrudescimento da inflação. O que, no entanto, não deverá ocorrer em função da sobrevalorização do real. As importações ajudarão a conter a inflação, a menos que o Governo, por pressão da indústria brasileira, estabeleça proteções adicionais contra as importações. O que não parece ser a orientação do Governo atual.

A conjugação de três fatores: controle dos gastos públicos, real sobrevalorizado - em função das exportações de commodities e do ingresso de capitais estrangeiros - e juros mais baixos dará sustentabilidade ao processo, ao longo de 2017, gerando uma perspectiva real de aumento dos empregos, maior consumo das famílias e aumento da demanda por vagas de estacionamento.

Esse processo real de retomada do crescimento da economia poderá ser comprometido por visões tradicionais - e equivocadas - de muitos economistas, que defendem outro modelo, ainda que tenham sido ineficazes no passado, por conjugação diferente de fatores.

A primeira contestação é que o crescimento deve ser promovido pelos investimentos e não pelo consumo. Isso porque - na visão desses analistas, com poder de influência sobre a sociedade e também a segmentos do Governo - o aumento de consumo geraria a inflação, anulando os efeitos positivos.

Raciocinam com uma visão equivocada sobre o grau de fechamento da economia brasileira. A economia brasileira é ainda muito fechada. Não porque tem excesso de proteção à sua indústria, mas porque a sua corrente de comércio (exportações + importações) é relativamente baixa dentro do PIB. O Brasil dispõe hoje de um grande volume de receita de exportações - embora de commodities - que suportam um maior volume de importações de produtos industriais. Essa situação é desfavorável para as indústrias, mas contribui para a contenção da inflação.

Como as forças monetaristas hoje são mais fortes do que as industrialistas, dentro do Governo, com prioridade para o controle da inflação, não deverão ocorrer maiores restrições às importações. O que irá conter os empregos industriais, mas ampliará os empregos no comércio e em serviços.

Uma conjuntura econômica bem diversa do Governo anterior que privilegiava a produção e o emprego industrial. Dentro da concepção de que, se a indústria vai mal, o Brasil vai mal. O quadro atual - ainda que pouco reconhecido - é que o Brasil pode ir bem, mesmo com a indústria indo mal.

Lembrando, no entanto, que essa política de privilegiar o controle da inflação, usando as importações de produtos industriais mais baratos, sacrificando os empregos industriais a favor dos empregos no comércio e nos serviços, base do Reganomics, e mantido pelos governos norte-americanos subsequentes, levou à eleição de Donald Trump, com a promessa de restabelecer os empregos industriais.

A par das discussões acadêmicas sobre o efeito dos juros, no controle da inflação, o fato real, de curto prazo, é que a definição planejada do Banco Central, de redução gradual mas persistente da taxa de juros básica, não tem gerando efeito inflacionário. Não é uma aposta certa, mas tem funcionado.

Como consequência, já no segundo semestre de 2017, podendo ser antecipado, haverá um crescimento da demanda por vagas de estacionamento. No entanto, não será generalizada, com uma demanda mais intensa em algumas regiões.

Essa regionalização será objeto de artigos futuros.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK. 


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