Estado - Por que existe tanta rejeição ao pedágio urbano?
Jack Opiola - Se você perguntar às pessoas se elas querem pagar por alguma coisa, é lógico que elas dirão não. Ainda mais quando se trata de uma taxa cujo nome traz dois pontos negativos: taxa e congestionamento (o nome inglês é congestion charge). E as pessoas também acham que dirigir é um direito que elas têm, mas não é bem assim. Elas usam as ruas, há os semáforos e tudo isso tem um custo. Elas também não sabem os verdadeiros benefícios do pedágio urbano, que ele trará melhorias para os congestionamentos e para o transporte público.
Estado - Como o pedágio urbano melhora o transporte público?
Opiola - Eu não defendo unicamente o pedágio urbano. Tem de haver um pacote completo, com base nessa restrição. O projeto que estamos adotando em Manchester prevê que os recursos da cobrança dos motoristas sejam revertidos para o transporte público. Nós estimamos que 3 bilhões de libras sejam revertidos por ano. Qual cidade não quer um orçamento desses para o transporte?
Estado - Mas como restringir os carros em cidades como São Paulo, onde o transporte público não é eficaz?
Opiola - Não é preciso esperar uma grande melhoria para iniciar um projeto. O transporte público vai sendo melhorado conforme os recursos com o pagamento das taxas vão chegando. Em Manchester, houve um grande investimento inicial, mas tudo será pago com os recursos do pedágio.
Estado - O senhor foi convidado para colaborar com o governo de Barack Obama?
Opiola - Sim, mas não para fazer parte do governo. Foi para ser consultor. Na época da campanha, alguns conselheiros dele pediram que apresentasse estudos sobre trânsito. E agora me procuraram novamente. Não foi o Obama que me convidou; foram conselheiros dele.
Fonte: Agência Estado, 13 de novembro de 2008