Parking News

Por Jorge Hori*

O mercado imobiliário alterou as mensagens para a comercialização dos seus produtos. É o que se depreende dos anúncios dos lançamentos imobiliários na edição do jornal O Estado de São Paulo, aos sábados. Há um grande volume de lançamentos no centro da cidade, com o setor apostando na sua revitalização.
Os produtos encolheram, com um grande volume de studios e um dormitório, com metragens de 19 a 30 m2, com o mercado acreditando que há uma demanda para um novo estilo de vida, principalmente de jovens de média a alta renda.
A grande novidade nos anúncios é a existência de vagas. As vagas se tornaram triviais e não eram elemento diferenciador dos imóveis comercializados. Era absolutamente usual e natural.
Agora, com restrições de vagas nos prédios, segundo o novo Plano Diretor, a disponibilidade de vagas passou a ser um elemento diferenciador.
O setor imobiliário está aproveitando para desovar o estoque de apartamentos com vagas, usando as restrições do novo Plano Diretor. Quando esses apartamentos antigos com vagas escassearem o que acontecerá?
Os novos apartamentos com vagas ficarão mais valorizados ou deixarão de atrair os compradores, como espera a Prefeitura de São Paulo?
O mercado preferirá os apartamentos sem vagas? Os apartamentos sem vagas vão encalhar?
Ou os moradores buscarão esses apartamentos e, concomitantemente, vagas em outras edificações? Haverá a possibilidade de construção de edificações exclusivas de garagens? Sendo os estacionamentos excluídos da função social nos terrenos desocupados, esses deixarão de oferecer vagas para os carros?
A política pretendida pela atual administração da Prefeitura Municipal prevalecerá durante muito tempo? As novas regras do Plano Diretor só começarão a se efetivar por volta de 2016, e com maior vigor a partir de 2017, em função da demora natural dos processos de preparação e aprovação dos novos empreendimentos. Até lá o mercado será abastecido pelos projetos protocolados para aproveitar as condições da lei anterior.
Ocorre que em 2016 haverá a eleição para Prefeito e o atual corre o risco de não ser reeleito, dado o seu desgaste de contrariar os valores vigentes e tentar forçar mudanças de cultura, atendendo a pequenos grupos de ativistas que representam uma parcela pequena do eleitorado. A maioria do eleitorado está descontente com o seu governo. A perspectiva de reversão parece difícil, porque a maturação dos resultados não será rápida.
Ademais, o prefeito só conseguiu aprovar as suas medidas radicais no novo Plano Diretor mediante acordo com os vereadores, que incluíram diversas emendas de interesse restrito. Na sanção da lei, vetou-as, criando um clima de animosidade com os vereadores que se sentiram traídos.
A complementação do Plano Diretor está na lei de zoneamento, que deverá ser encaminhada à Câmara Municipal em breve. O prefeito dificilmente conseguirá aprovar a lei como deseja, tendo de fazer muitas concessões. Mesmo assim, não conseguirá aprovar dentro dos prazos desejados.
Precisará, ainda, encaminhar os projetos de lei específicos das Operações Urbanas, com iguais dificuldades de aprovação.
Isso fará com que o mercado imobiliário fique em compasso de espera por um tempo maior que o desejável.


* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.

Categoria: Fique por Dentro


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