Parking News

Quinta-feira, 13h. Um motorista tenta parar o carro no edifício-garagem do aeroporto de Congonhas, zona sul de São Paulo, mas é informado de que não há vagas livres. Rapidamente, uma fila de mais de 30 carros se forma no local. Os motoristas descem dos veículos para saber o que se passa. A espera para cada um dura mais de meia hora. A cena, ocorrida na semana passada, não é um fato isolado - foi presenciada pela Folha em três dias diferentes. Segundo os funcionários, o problema se repete todas as terças, quartas e quintas no período das 7h às 14h. Com cinco andares, o edifício-garagem, inaugurado em março de 2006, tem 2.554 vagas, que, somadas às 395 ao ar livre, totalizam 2.949. A obra custou R$ 50 milhões. A Infraero diz que as vagas atendem à demanda em Congonhas, mas admite que, para evitar tumultos, os motoristas têm de aguardar na entrada do estacionamento. Um fator que poderia ajudar a desafogar o local, porém, não vai mais existir: o governo do Estado engavetou um projeto de ligação mais rápida do aeroporto à rede do metrô, que facilitaria o acesso a Congonhas.
Jeitinho
Devido à situação, usuários acabam migrando para outros estacionamentos, parando em locais proibidos ou apelando para a criatividade. Paulo Guidolin, dono do lava-rápido que funciona no edifício-garagem, diz que muitos clientes deixam o carro para lavar quando o estacionamento está lotado, ainda que o veículo esteja limpo. O local tem 30 vagas reservadas e os clientes pagam de R$ 30 a R$ 35 pela lavagem simples, além do valor do estacionamento. "Atendo 50 carros por dia", diz o dono. Em uma das viagens que faz semanalmente a Curitiba, o engenheiro eletrônico Roberto Costa entrou no estacionamento e encontrou a lotação esgotada. Ainda procurou por vagas nas rampas de acesso, onde é proibido estacionar, e não encontrou. Foi obrigado a sair e parou num estacionamento do outro lado da avenida Washington Luís. Quase perdeu o voo. Eduardo Dal Ri, securitário que na quinta-feira embarcou para Florianópolis, de tanto usar o aeroporto, muitas vezes vai de táxi. "Sei que não vai ter vaga", diz. Quando o estacionamento do aeroporto lota, os da região também ficam sem vagas. "Teve uma quarta em que dispensei 20 carros pela manhã", afirma o manobrista Zito dos Santos, de um estacionamento próximo. O também manobrista Orlando Luiz, que trabalha ao lado, concorda: "Tem pessoa que implora para deixar o carro, diz que vai perder o voo. Mas não tem o que fazer. Quando trava lá, todo mundo vem pra cá e lota".
Infraero afirma que vagas são suficientes dentro de aeroporto
A Infraero, estatal que administra aeroportos do país, afirma que tem a intenção de aumentar o número de vagas de estacionamento em Congonhas. Diz, no entanto, que ainda não há data prevista para o início das obras. Para a estatal, a quantidade atual de vagas no edifício-garagem de cinco andares inaugurado em março de 2006 atende à demanda, apesar de admitir a lotação às quartas e quintas-feiras. De acordo com a Infraero, o horário mais crítico é o da manhã ao início da tarde.
Questionada se houve erro de cálculo no projeto, a Infraero disse que, antes da inauguração do edifício-garagem, o estacionamento possuía 1.200 vagas descobertas e o aeroporto recebia 17,1 milhões de passageiros por ano (dados de 2005). A estatal diz que houve um aumento de 280% no número de vagas - levando em consideração todas as 3.369, que incluem 420 vagas para os funcionários - e que, em 2010, Congonhas recebeu 15,5 milhões de passageiros. Isso representa 1,6 milhão a menos que em 2005, devido às restrições após o acidente com o avião da TAM que matou 199 pessoas em 2007.
A SAO Parking, que administra o estacionamento, diz ter interesse na ampliação do local. Para ela, o fluxo de veículos se deve ao crescimento econômico do país.
Fonte: Folha de S. Paulo, 19 de abril de 2011

Categoria: Mercado


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