Parking News

O 2º Congresso Brasileiro de Estacionamentos, realizado nos dias 21 e 22 de novembro em São Paulo, organizado pela Abrapark e com apoio do SINDEPARK, reuniu especialistas em estacionamento do Brasil e Exterior que abordaram os aspectos mais relevantes da mobilidade urbana nos grandes centros e o papel fundamental do setor tanto no cotidiano de seus moradores quanto durante os eventos que o Brasil vai sediar em breve. O Congresso ocorreu dentro da programação da Expoparking 2012, que é parte da TranspoQuip Latin America, maior feira latino-americana de infraestrutura para transportes. Os eventos reuniram milhares de visitantes e participantes das palestras, que se atualizaram e adquiriram conhecimentos que, certamente, levarão ao aperfeiçoamento da gestão do setor.
Todos os palestrantes trouxeram experiências importantes, discutiram os problemas da mobilidade urbana e propuseram soluções viáveis para a realidade das grandes cidades, assim como cases que trataram de como melhorar a imagem dos estacionamentos, seja através de políticas de gestão atualizadas como em relação ao seu design. Pela importância dos temas, o congresso foi um sucesso confirmado pelos participantes presentes.
Um dos destaques foi a apresentação de Giuliano Mingardo, da Itália, que abordou a percepção do problema de estacionamentos por meio da comparação com a experiência europeia. Especialista em gestão de estacionamento e mobilidade urbana da Universidade Erasmus de Rotterdam, ele ressaltou que todas as cidades seguem o mesmo padrão, quanto mais ricos, mais carros são adquiridos. "O carro é símbolo de status, a regulamentação dos espaços para estacionar é um ataque a sua liberdade, estacionar envolve emoção."
Ele frisou que outro problema é que precisam de estacionamento para os negócios atraírem clientes e o dilema é: estacionamento por uma hora e meia para um carro, permitindo assim maior rotatividade, ou um carro por oito horas? "Do ponto de visto do meio ambiente, a rotatividade é pior, mas do ponto de vista econômico, é melhor.
Outro dilema na Europa são as vagas de moradores. Segundo ele, é preciso definir políticas de estacionamento, que, no entanto, são muito complexas, e não podem ser discutidas com base em emoções, mas em fatos.
A palestra de Mingardo se baseou na pesquisa que a Universidade Erasmus de Rotterdam realizou em diversos países para entender como diferentes partes envolvidas no setor de estacionamento vêem o problema de estacionamento urbano. No Brasil, o projeto foi desenvolvido em conjunto com a Abrapark. Ele comentou alguns resultados preliminares da pesquisa em que há mais ou menos consenso nos países, como, por exemplo, no Brasil, em que há consenso sobre o fato de que o estacionamento é fator atrativo para o varejo. Há certo consenso, segundo ele, quanto ao fato de que as pessoas estão cientes do preço, quanto ao aspecto de que é fundamental para a mobilidade urbana, e falta concordância quanto à cobrança de tarifas, por hora ou por tempo exato. "Deve-se ter opiniões fortes para que os políticos tomem as decisões acertadas", opinou.
Outro ponto relevante foi quanto à imagem dos estacionamentos, que, segundo o especialista, não é boa na Europa. "As pessoas acham caro, os varejistas acham insuficientes, é um quebra-cabeça", observou. Na Holanda, exemplificou, as pessoas acham que os valores de estacionamento são uma "vaca leiteira" quanto aos lucros. "Queremos melhorar a imagem e para isso a comunicação tem papel fundamental. A renda também pode ser usada na mobilidade urbana. É preciso mostrar que graças ao estacionamento podemos ter pessoas andando nas ruas, feiras, transporte público, temos de divulgar isto e não mostrar as máquinas de pagamento", afirmou.
Mingardo finalizou dizendo que se dá pouca atenção ao planejamento nas cidades, e só no final os responsáveis pensam em transportes e por último no estacionamento.
Aprendendo com o varejo
A apresentação de David Hill, do Canadá, cujo tema foi O Futuro da Mobilidade Urbana, chamou atenção para o fato de que é preciso aprender com os varejistas quanto a ter foco no cliente, ter ofertas de valor e ainda desenvolver gerenciamento de relacionamento com ele, levando em conta um novo modelo, que envolve uma nova comunicação, novas mídias sociais. "O mundo está diferente, as pessoas têm estilos de vida diferentes, é preciso interação", frisou.
Hill, que é consultor sênior do MMM Group, Calgary, e membro do Board do International Parking Institute (IPI), falou das tecnologias que podem tornar os produtos e serviços atraentes, como os aplicativos para celular que auxiliam a encontrar vagas. "Por que as pessoas não gostam dos estacionamentos? Porque não tem liberdade, é preciso criar aplicativos que dêem liberdade de escolha, pode ser uma coisa glamorosa, é preciso mostrar que estacionar tem seu valor, dar incentivos para os clientes, oferecer cartão fidelidade, entre outras ações."
Emotional Parking
Transformar o estacionamento em um local de moda, onde as pessoas gostem de estar, que as envolva pela emoção. Essa é a proposta da arquiteta italiana, que vive na Espanha, e que deu a ela o título de "Madame Parking", pelos trabalhos inovadores no setor (veja nesta edição do Parking News, seção Leitura, uma entrevista que Teresa concedeu à Folha de S. Paulo). Em sua palestra, Como o Estacionamento pode se Transformar em Elemento Emocional, ela descreveu os projetos que fez para diversos estacionamentos e salientou que o importante não é o tamanho do lugar mas sim a criatividade. Acrescentou ainda que ao modificar os locais, tornando-os agradáveis e bonitos, com imagens nas paredes, cores que ajudem a orientar os usuários, letreiros, painéis, esculturas, podem ter outros usos, para shows ou publicidade, tornando-se uma "máquina de fazer dinheiro". "O investimento deve ser para ter retorno", concluiu.
Inovações
O presidente da Associação Espanhola de Estacionamentos (Asesga), Jaime López Aguilar, falou sobre a Situação do Estacionamento na Espanha - Principais Analogias e Diferenças com o Mercado Brasileiro, enfatizando que não se pode falar em economia sem falar em mobilidade e estacionamentos, porque para a mobilidade precisamos de uma vaga na origem e outra no destino. Dono do Grupo Setex, ele afirmou que sua empresa se caracteriza pela inovação. "Damos importância ao design, achamos fundamental a boa imagem, e às tecnologias, como oferecer pagamento com matrícula na internet", exemplificou.
Ele fez um panorama do setor na Espanha, que tem quatro formas de contratação: propriedade, concessão, gestão e arrendamento. As empresas privadas representam 78% do mercado, as concessões municipais, 12%, e as empresas mistas são 105 do total. Segundo ele, a tarifa tem valor médio nas concessões de 2,1 euros por hora. No entanto, ressalta, não há critério para as tarifas.
Ele contou que na Espanha os motoristas preferem as vagas on street, até em função do impacto da crise econômica na Europa nos últimos anos. E cita um problema comum nas cidades, que são muito antigas: as vagas para os moradores.
Aguilar cita como diferença entre Espanha e Brasil a preocupação com a segurança, nas vagas on street, que não existe em seu país. "Aqui no Brasil há maior preocupação, e acredito que a tendência é para os estacionamentos subterrâneos. Questões de mentalidade determinam comportamentos", analisou.
Ele finalizou dizendo que em sua opinião houve uma verdadeira revolução no setor com o pagamento por RFID, celular, target.
Destaques
O evento contou ainda com as palestras de Liliana Rambo (EUA), que fez sua apresentação sobre Estacionamentos em Aeroportos - Case Aeroporto de Houston, e Irineu Gnecco Filho, diretor de Planejamento e Educação no Trânsito da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-SP), com o tema São Paulo - Desafios da Mobilidade Urbana na Maior Metrópole da América Latina.

Categoria: Fique por Dentro


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