Foi o que ocorreu com o servidor público Brayam Gonçalves. Desde janeiro ele pensava em trocar de carro. Em maio, quando o governo anunciou a redução do IPI, o veículo que ele queria ficou R$ 4 mil mais barato.
As lojas fazem alarde. Em uma, o anúncio indica que o carro 1.0, antes vendido por R$ 24,2 mil, hoje sai por R$ 22 mil. O vice-presidente do sindicato das concessionárias, Helio Aveiro, afirma que, com o desconto, o consumidor está investindo em opcionais. "Se ele tem mais R$ 1 mil de diferença no IPI, ele procura colocar o opcional, comprar um carro melhor, com ar condicionado, direção hidráulica", afirma.
Frota em crescimento
O aquecimento nesse setor da economia tem um reflexo nas ruas da cidade. A frota do DF já é de mais de 1,3 milhão de veículos. Como a população local é, segundo o IBGE, de mais de 2,5 milhões de pessoas, se cada motorista der carona para outro morador, toda a população cabe dentro dos carros que circulam na capital e ainda sobra lugar.
Carro demais é sinônimo de falta de espaço para parar. Estacionamento irregular é a terceira infração mais comum. Neste ano já foram 20 mil multas.
Para Paulo César Marques, especialista em trânsito da Universidade de Brasília, ainda não há vantagem em deixar o carro em casa.
"A indústria automobilística vende a imagem de que o carro representa liberdade e status. Então, as pessoas compram esta ideia, mesmo que seja para ficarem presas no congestionamento. O primeiro passo é tornar o transporte público atraente, seguro, confortável, que as pessoas saibam que podem trocar o conforto do seu carro por um transporte público confiável", fala.
Fonte: portal G1, 6 de julho de 2012