O levantamento - obtido com exclusividade pelo Estado - foi feito pelo Ibope em novembro em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife. Perguntados se acham o hábito arriscado, 80% disseram que sim e um em cada três reconheceu que não faz nada para mudar.
Especialistas se mostraram preocupados com o resultado da pesquisa, encomendada pela seguradora Porto Seguro. "É como se o indivíduo dirigisse de olhos fechados e, quando precisa reagir (frear ou desviar), não dá tempo", diz o perito em acidentes Sérgio Ejzemberg. Para ele, apesar de o País não ter dados sobre colisões causadas pelo manuseio do celular, "certamente elas estão ocorrendo e as pessoas, morrendo". "É pior do que dirigir alcoolizado, porque os olhos não estão na pista."
Segundo o órgão americano de segurança no trânsito, o NHTSA, ao teclar um simples "ok", o motorista aumenta em 23,6% a chance de sofrer um acidente.
E, apesar de não ser uma exclusividade nacional, a pouca preocupação do brasileiro com atitudes preventivas é apontada pelo consultor em Engenharia Urbana Luiz Célio Bottura como parte do problema. "Ele não dá bola, acha que não vai acontecer nada", diz. "Só que o seguro não paga o conserto se constata alguma irregularidade, como o uso do celular."
E são justamente as seguradoras que mais têm alertado para a questão. "Dia 7, iniciamos uma ação educativa na TV paga. Neste mês, faremos na aberta, em rádios e redes sociais. A peça mostra um condutor com os olhos tapados por cinco segundos (tempo médio de pegar o celular e teclar)", diz a gerente de Marketing da Porto Seguro, Tanyze Maconato.
Em abril, a BB Mapfre já tinha lançado campanha em TV aberta e paga, mídia impressa, redes sociais e cinemas. No filme, um smartphone se aproxima do rosto de uma mulher - até se chocar e se estilhaçar contra ele.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 8 de julho de 2012