No ano passado, lembra o Jornal, o prefeito Gilberto Kassab vetou projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal, de autoria do vereador Ricardo Teixeira, que proibia o estacionamento de veículos entre 7 e 10 horas e entre 17 e 20 horas nos principais corredores de tráfego do centro expandido. Ficavam livres da proibição só as vias em que não há trânsito de passagem, a grande maioria residenciais.
A medida adotada agora é menos radical, mas tem o mesmo sentido. Não é certo, numa cidade com trânsito caótico como São Paulo, uma parte importante das ruas - ainda mais numa região movimentada como a dos Jardins - ser utilizada para estacionamento. A prioridade tem de ser para a fluidez do trânsito. Como diz o consultor em engenharia urbana Célio Bottura, "as ruas têm a denominação técnica de leito viário, não de leito estacionário".
Isto não quer dizer que se deva fechar os olhos à necessidade de oferecer locais para estacionamento ao número crescente de veículos da Capital. Nos Jardins, segundo estimativa do Sindicato das Empresas de Garagens e Estacionamentos do Estado de São Paulo (Sindepark), os estacionamentos da região deverão receber 50% dos automóveis que ocupavam as vagas extintas e os outros 50% serão acomodados em outras áreas próximas de Zona Azul. Como, se a experiência dos Jardins, ao que tudo indica, for bem sucedida, a Prefeitura vai repeti-la em outras regiões, é preciso acelerar o quanto possível a construção de garagens subterrâneas, pois o déficit de vagas de estacionamento no Centro da cidade chega a 10 mil. Embora prometidas há muito tempo - em 2003, por exemplo, a Câmara Municipal aprovou projeto de lei autorizando a construção de 11 dessas garagens - elas nunca saíram do papel. Elas só se tornarão realidade quando a Prefeitura oferecer às empresas privadas as garantias e incentivos que elas reclamam para fazer esse investimento, conclui o jornal.
Fonte: Jornal da Tarde (SP), 3 de agosto de 2008