Em reportagem publicada pelo Jornal da Tarde em outubro de 2006, a empresa havia assegurado que as garagens estariam prontas em 2008.
O debate sobre a criação de garagens subterrâneas no Centro se arrasta desde a década de 1950, quando os prédios foram construídos sem garagens. Os primeiros projetos começaram a ser discutidos durante a gestão do prefeito Jânio Quadros (1986-1989), que trouxe a idéia da Europa. Mas a solução proposta para a já crítica falta de vagas na Cidade gerou polêmica. Ambientalistas temiam que as construções afetassem o lençol freático e áreas verdes. Outra preocupação era que o sistema viário acabasse ainda mais sobrecarregado - acreditava-se que os estacionamentos subterrâneos estimulariam ainda mais o uso de automóveis.
Com o aumento da frota de veículos na Cidade, que hoje ultrapassa 6 milhões, o tema foi periodicamente voltando à tona. No fim dos anos 90, duas garagens subterrâneas foram construídas: uma sob a Praça Alexandre de Gusmão, no Jardim Paulista, e outra sob a Avenida Doutor Enéas de Carvalho Aguiar, em Pinheiros. Em 2004, a Câmara Municipal aprovou projeto que autorizava construção de mais 11 - nove no Centro e duas no Parque do Ibirapuera. Ficou no papel. "O crescimento da frota é muito superior ao da população. De um lado, temos congestionamento; de outro, falta de vagas", lembra Renato Anelli, professor titular e coordenador da pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo em São Carlos.
Valor alto do investimento emperra processo
O alto investimento, em torno de R$ 20 milhões, é um dos fatores que emperram o processo. "A licitação para garagens subterrâneas é uma novela. Acredito que há falta de empreendedores interessados, já que a empresa é responsável por todo o processo, que é complexo, caro e muitas vezes não traz o retorno satisfatório", diz Sergio Morad, presidente do Sindicato das Empresas de Garagens e Estacionamentos do Estado de São Paulo (Sindepark). A construção de uma vaga subterrânea custa em torno de R$ 40 mil. Ele defende que a Prefeitura poderia arcar com os custos dos projetos de interferência do subsolo e as obras de acesso. Como o mapeamento do subsolo da Cidade é insuficiente, as empresas têm de fazer o roteiro de tubulações de água, gás, esgoto e telefone. A remoção ou remanejamento de interferências encarece o projeto. Se for encontrado um sítio arqueológico, por exemplo, as obras têm de ser interrompidas. E há uma boa chance de que isso ocorra nas escavações do Pátio do Colégio.
A insatisfação das concessionárias que participaram dos consórcios para a construção de garagens na região do Hospital das Clínicas e do Trianon também pode afastar possíveis interessados. O aumento das tarifas depende da autorização do prefeito e os dois estacionamentos mantiveram o mesmo preço por sete anos. "O aumento deveria ficar a cargo da empresa", defende Marco Antonio Ramos de Almeida, da Associação Viva o Centro.
Fonte: Jornal da Tarde (SP), 4 de agosto de 2008