Um levantamento do Estado com base nos relatórios diários da Cetesb de abril a setembro mostra que a quantidade de medições consideradas boas pela companhia (são várias diariamente) passou de 1.533 para 911 na comparação com o mesmo período de 2009 - redução de 40,5%. O índice reflete a quantidade de partículas suspensas no ar, principalmente as que saem dos escapamentos dos veículos. A escala de medição é dividida em cinco: boa, regular, inadequada, má e péssima. Os registros apontam maior variação de boa para regular, mas há também pontos inadequados.
Uma das explicações para a piora na qualidade do ar é o período seco pelo qual a cidade passou neste ano, o maior em décadas. Foram registrados apenas 401,9 milímetros de chuva entre abril e o início de outubro - 37,2% a menos que no mesmo período do ano passado. O tempo seco prejudica a dispersão dos poluentes.
"Mas só isso não explica o aumento na concentração de poluentes", diz Simone Miraglia, do curso de Engenharia Química da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e especialista em poluição. Para ela, a saída dos caminhões das vias da cidade por conta do Rodoanel foi compensada pelo aumento na quantidade de carros. Ou seja, houve uma redistribuição na circulação.
O aumento na quantidade de automóveis se comprova nas vias que foram mais beneficiadas com a saída dos caminhões: a Marginal do Pinheiros e a Avenida dos Bandeirantes. Com o Rodoanel, elas foram vetadas a veículos de carga durante o dia. Dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) mostram que, após a abertura do Trecho Sul do anel viário, o volume de automóveis na Pinheiros aumentou 7% (de 41 mil para 44 mil por dia) e 16% na Avenida dos Bandeirantes (de 18 mil para 21 mil por dia).
Fonte: O Estado de S. Paulo, 22 de outubro de 2010