Com o crescimento demográfico, o aumento da frota de veículos, tem se a impressão de que no futuro a cidade vai parar. Esse futuro poderá estar muito próximo. Na véspera do feriadão, se chover a cidade para, com a fila de congestionamento chegando aos 300 km.
E tende a se projetar a situação atual. Mas um tratamento estatístico indica que em 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil, a população da cidade de São Paulo alcançará o auge, passando a decrescer a partir desse ano.
A Região Metropolitana ainda continuará crescendo e a frota de automóveis também.
Para que a cidade "não pare" todos os dias, pois em dias atípicos, como o citado acima, a cidade irá parar, inevitavelmente, ela mesma irá se ajustar a novos conceitos e concepções.
A tendência de descentralização e miniconcentração será acelerada, ainda que a atual siga no caminho oposto.
A sequência não é linear, mas dialética.
O comportamento humano busca uma solução parcial, sem atentar para os demais aspectos que acabam por gerar os "efeitos perversos".
De momento, as pessoas são induzidas a morar melhor, mas o que resulta em movimentar-se pior.
O mercado imobiliário oferece o chamado "condomínio clube", com piscinas, jardins, quadras esportivas etc., porém em locais cada vez mais distantes dos polos de trabalho. O resultado é o maior volume de viagens motorizadas individuais, pois são áreas mal servidas pelo transporte público, e o aumento da quilometragem.
Aumenta a demanda nas vias de alimentação que se concentram nos corredores ou vias estruturais.
A solução do imaginário popular é o aumento do metrô, mas esse só vai atender aos corredores. Para atender adequadamente à demanda, dentro dessa tendência do "morar melhor" é preciso ter estacionamentos de transferência.
Ocorre que o planejamento do sistema de transporte de massa (seja o metrô ou o trem metropolitano) pouco leva em conta a integração carro-metrô ou carro-trem. Pressupõe apenas que os usuários chegam a pé â estação.
Não geram nenhuma facilidade para os usuários que queiram chegar à estação de carro e deixá-lo estacionado, com segurança e a custo baixo.
Essa é uma condição fundamental para que o usuário de automóvel não tente seguir por uma via estrutural já servida pelo metrô.
Essas vias estruturais são as monitoradas pela CET para medir o índice de congestionamento e, quando essas ficam congestionadas, geram a imagem de que a cidade para. Para sempre nas mesmas vias.
A Cia. do Metrô está acordando para essa questão, buscando áreas para implantar estacionamentos de transferência. Falta levar o conceito para o projeto.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica do Sindepark. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.