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A inauguração do trecho sul do Rodoanel, prevista para o dia 27, vai reduzir temporariamente o trânsito na marginal Pinheiros e na Avenida dos Bandeirantes, mas terá efeito insignificante nos congestionamentos da Grande São Paulo. A melhora no trânsito será pequena mesmo quando forem concluídos os trechos leste - em fase de licenciamento ambiental - e norte, ainda em projeto, diz estudo encomendado pela Artesp (agência dos transportes do Estado de São Paulo).
As projeções foram feitas através de fórmulas matemáticas que consideram os meios de transporte usados na Grande SP, como as pessoas se deslocam e o crescimento da população e da renda média, destaca a Folha de S. Paulo.
Os dados mostram uma cidade mais rica, com empregos ainda concentrados em algumas regiões - o que obriga o morador a se locomover mais - e uma alta de até 4,9% nas viagens de carro em regiões com o trânsito já saturado, como na zona sul.
O mapa por região mostra que o aumento no fluxo de carros mais alto se dará em quase toda a cidade de São Paulo, com exceção de regiões nas proximidades da Penha. Os maiores índices de crescimento se darão exatamente das regiões mais ricas, como Moema, Pinheiros e Brooklin.
O economista Ciro Biderman, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e ligado ao Lincoln Institute of Land Policy, que deu a consultoria ao estudo da Artesp, diz ser "irrelevante" a colaboração do Rodoanel para amenizar o trânsito na região metropolitana.
Num primeiro momento, a Secretaria de Estado dos Transportes espera que caia até 40% o movimento de caminhões no eixo marginal Pinheiros-Avenida dos Bandeirantes. Depois, com o aumento da frota de carros, que vem batendo sucessivos recordes, esse efeito positivo vai se diluir.
"(A melhora) vai se consumir em um ano. E o Rodoanel nem foi criado para isso, não é sua lógica verdadeira. É preocupante, assustador (o aumento de trânsito projetado no estudo)", diz Biderman.
Os números e as leis de trânsito que vigoram em São Paulo ajudam a entender o que Biderman diz: hoje, os caminhões representam somente cerca de 3% dos veículos que circulam na Grande SP e os veículos pesados já não podem circular nas regiões centrais durante a maior parte do dia.
Além disso, a farta oferta de crédito para a compra de carros em uma cidade ainda mais rica e a desconfiança em relação à qualidade do transporte público, que incentiva a busca pelo transporte individual, complicam ainda mais a situação já delicada no trânsito.
Então, qual é a solução? "Investimento maciço em transporte público, nos trens de superfície, no metrô, em novos corredores de ônibus", responde o professor Biderman.
Fonte: Folha de S. Paulo, 14 de março de 2010

Categoria: Geral


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