São duas notícias aparentemente contraditórias. De um lado, uma reportagem mostra os elevados valores para estacionar junto aos hospitais. De outro, que ficar com o carro estacionado perto do Aeroporto Internacional de Guarulhos é mais barato que a corrida de táxi.
A segunda compara "alhos com bugalhos", equívoco usual, considerando apenas o pagamento momentâneo de uma despesa. Do ponto de vista econômico, o que deve ser considerado é o custo logístico que incorpora os gastos com movimentação. Ao optar pela viagem com o carro próprio, o usuário deverá considerar o abastecimento com combustível, as provisões para as manutenções e substituição de peças ou partes e a comodidade.
Se optar pela comodidade de estacionar junto ao Aeroporto, situação muitas vezes pouco cômoda, pela dificuldade de encontrar vaga, irá pagar muito mais. Caso não se incomode em deixar o carro mais distante, usando serviços de vans (com as esperas necessárias), poderá desembolsar menos.
A comodidade é, atualmente, o principal fator de diferenciação dos preços nos custos logísticos.
Ir de táxi ao Aeroporto de Guarulhos pode representar a comodidade de não ter que dirigir ou não ter que ficar parado e estressado nos congestionamentos, com a possibilidade alternativa de ler os jornais. Isso tem um custo.
Em relação aos estacionamentos, a principal comodidade é parar o mais próximo do seu local de destino. E entregar o carro junto a esse local a um manobrista, uma vantagem adicional. Que tem sempre um custo adicional.
Isso pode explicar, em parte, porque estacionar junto aos hospitais pode ser mais oneroso. Com um agravante. Ao chegar, o usuário não sabe quanto tempo poderá demorar. No entanto, logicamente, o custo do estacionamento nos hospitais está relacionado, principalmente, à infra-estrutura existente, que interfere na equipe alocada, logística de circulação, risco, além da questão do valor imobiliário da região em que estão implantados.
A comodidade faz com que muitos usuários não questionem os valores, tampouco busquem soluções alternativas mais baratas.
Será um comportamento estrutural ou terá um limite? A partir de que valor do estacionamento o usuário buscará alternativas, abandonando a primazia da comodidade?
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica do Sindepark. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.