Na terça-feira, estudos e documentos que serviram como base para a adoção da portaria, segundo o governo, foram enviados à promotora Cláudia Beré. No pico da tarde, a via que mais recebia os ônibus fretados antes do início das restrições era a Avenida Tiradentes, com 256 desses veículos entre 16h30 e 19h30. Essa via está dentro da chamada Zona de Máxima Restrição de Fretamento (ZMRF) e a regra não foi flexibilizada.
Por outro lado, as duas vias que aparecem na sequência continuam a permitir a circulação dos fretados. A Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini está dentro da ZMRF, mas teve a circulação permitida após protestos de usuários terem fechado a Marginal do Pinheiros. A Secretaria Municipal dos Transportes (SMT) afirmou na ocasião que a razão para a liberação foi a pouca oferta de transporte coletivo urbano na região.
A Berrini recebe no pico da tarde 253 ônibus fretados, o que corresponde a 2,8% de todo o volume de veículos no período. Há 432 ônibus urbanos que circulam na área ao longo dessas três horas. A outra via entre as três com maior volume desses veículos é a Radial Leste, com 251 ônibus fretados no período, o que corresponde a 0,8% do total de veículos - a via sempre esteve fora da restrição.
Outras vias tidas como "intocadas" pela SMT, como as Avenidas Paulista e Brigadeiro Faria Lima, apresentam índices menores de circulação de fretados. A Paulista recebe 138 veículos no pico da tarde (0,9% do total de veículos), e a Faria Lima, 150 (1,2%). Especialistas, no entanto, ressaltam que as quantidades devem ser confrontadas com as extensões das vias, pois um determinado número de fretados pode provocar impactos diferentes nas vias.
Um dos estudos mostra que a restrição foi adotada a partir de um levantamento - apresentado aos empresários do setor em reunião no dia 8 - que apontou 227 itinerários usados por 15 empresas municipais e intermunicipais. No ano passado, também houve três reuniões para discutir a restrição entre representantes do governo e sindicatos que representam o transporte. Entre janeiro deste ano e a adoção da portaria, em 27 de julho, foram mais 12 encontros entre as partes.
O levantamento também indica que, das 32 mil pessoas que entram nos 70 km2 do perímetro de restrição por meio de ônibus fretados, 43,75%, ou 14 mil, descem em apenas três avenidas: Berrini (6 mil), Paulista (4 mil) e Faria Lima (4 mil). Um monitoramento feito pela CET em 2 de julho, em 18 pontos da cidade onde os fretados param para pegar passageiros, indicou que na Radial Leste, no cruzamento com a Rua Itapura, passaram em um único dia 268 ônibus. O segundo posto com maior movimentação desses veículos foi o cruzamento do Complexo Viário Maria Maluf com a Rua Vergueiro, por onde passaram 108 fretados. O ponto ao lado do Aeroporto de Congonhas, na esquina da Avenida Washington Luís com a Rua Feliz de Souza, ficou em terceiro, com 98 ônibus.
O poder aquisitivo mais alto dos usuários de fretados, que seria um indicativo de que parte das pessoas substituiria o transporte coletivo pelo carro, não encontra respaldo nos estudos enviados ao MP. Segundo levantamento da SPTrans com usuários de 15 empresas de fretamento, 64% das mais de 130 mil pessoas que usam o fretado na Capital têm remuneração mensal inferior a R$ 3.500,00.
Paulista
Um estudo específico dos técnicos da SPTrans - e enviado ao MP - sobre o uso de fretados na Avenida Paulista indica que a liberação das vias paralelas poderia ajudar a organizar o serviço, sem a necessidade de uma proibição total. Os técnicos sugerem a proibição da circulação na Paulista nos horários de pico, mas a liberação total na São Carlos do Pinhal e Cincinato Braga. Somente a Alameda Santos passaria por uma pequena restrição, dividindo a circulação desses veículos por determinados horários durante o pico.
Fonte: O Estado de São Paulo, 13 de agosto de 2009