Na Europa, por exemplo, é comum carros pequenos abastecidos com diesel. Um dos problemas de ampliar o uso desse combustível no País, porém, é que ele possui alto teor de enxofre - poluente que pode provocar doenças. Enquanto na União Europeia o diesel tem 10 ppm (partes por milhão) de enxofre, o Interior do Brasil tem combustível com 1.800 ppm.
Para o senador, no entanto, o projeto acaba com uma desigualdade e é fruto de uma reivindicação antiga. "O rico pode comprar um carro a diesel importado por R$ 140 mil, que faz 12 km a 13 km por litro de combustível. Por que alguém da classe média não pode?", questiona. Ele conta que, no Uruguai, alugou um carro popular que fazia 26 km com um litro de diesel. "O aproveitamento energético é muito maior que o da gasolina. Depois, descobri que o carro que usei era fabricado no Brasil."
Segundo Camata, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) poderia fazer uma portaria com a autorização. "Mas há muitos interesses, existe uma pressão do pessoal do álcool", diz o senador.
No Senado, o projeto segue agora para avaliação da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Críticas
André Ferreira, do Instituto de Energia e Meio Ambiente, diz que dificilmente o projeto vai prosperar. Primeiro, porque há um gargalo na oferta do diesel no Brasil - uma parte do combustível utilizado no País já é importada. Além disso, existe um excedente de gasolina e, dessa maneira, acabaria sobrando ainda mais.
Ferreira também diz que, em relação ao combate ao aquecimento global, o uso do diesel - um combustível fóssil - por carros de passeio "seria andar na contramão".
A Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, e a Petrobrás afirmaram, por meio de assessoria de imprensa, que não comentariam o projeto de lei. A ANP, procurada, não respondeu à reportagem.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 14 de agosto de 2009