Os carros, por sua vez, passariam a trafegar em novas vias, construídas embaixo do rio. No futuro, haveria passarelas sobre o Tietê para pedestres e ciclistas. A ?cirurgia plástica? na capital incluiria, também, monotrilhos aproveitando a estrutura do Elevado Costa e Silva, o popular Minhocão, e unidades ambientais de moradia nos bairros do entorno. ?É uma transformação total: melhorar o rio e a drenagem, construir habitações, trazer empresas para a região e, consequentemente, desafogar o trânsito?, afirma Gustavo Partezani, diretor de desenvolvimento da SP Urbanismo, empresa responsável pelos estudos da obra e avaliação dos projetos.
?Queremos reconstruir uma cidade e não apenas solucionar um problema ou outro?, diz Fernando de Mello, secretário de Desenvolvimento Urbano de São Paulo. Um dos gargalos mais evidentes nos dias atuais são os congestionamentos na cidade, agravados com a explosão da venda de veículos nos últimos anos. Embora obras viárias como a Nova Marginal, que aumentou o número de faixas na via, e a ampliação da avenida Jacu-Pêssego, na zona leste da capital, tenham contribuído para desafogar o trânsito, os engarrafamentos de veículos, que se sucedem de segunda a sexta-feira, faça sol ou chuva, alcançam ainda centenas de quilômetros de extensão.
Para cumprir a promessa de remodelar a cidade, que estava entre os compromissos de campanha no ano passado, o prefeito Fernando Haddad fez uma chamada pública em fevereiro, convidando empresas interessadas em apresentar ideias para o Arco Tietê, que podem ser adotadas pela prefeitura. De 26 propostas, 17 foram aprovadas.
Consórcios formados por construtoras do calibre de Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, OAS e Camargo Corrêa, e empresas de desenvolvimento urbano, apresentaram planos de revitalização da área, que poderão, inclusive, ser complementares. Um dos projetos aprovados foi o da TC Urbes, especializada em arquitetura e urbanismo. Com a intenção de transformar o rio Tietê em uma verdadeira hidrovia de resíduos sólidos e um conceito de ?urbanismo leve? e mais minimalista, a empresa, de acordo com o sócio-fundador Ricardo Corrêa, quer mostrar ao poder público e à iniciativa privada que a capital pode ser transformada radicalmente sem a necessidade de grandes e dispendiosas obras.
No papel, as mudanças projetadas para o cenário paulistano enchem os olhos. A principal dúvida, porém, é como conseguir dinheiro parar tirar tudo do campo das ideias, uma vez que São Paulo sofre com a camisa de força representada pela dívida com o governo federal, que consome 10% do seu orçamento e limita a captação de novos recursos. ?Teremos investimentos diretos, mas estudamos Parcerias Público-Privadas ou qualquer outra forma de concessão que pudermos imaginar?, diz Mello, que não dispensa, ainda, a utilização de financiamentos via Certificado de Potencial Adicional de Construção.
Fonte: Revista Dinheiro (SP), 18 de setembro de 2013