O motorista tinha que pagar adiantado e em dinheiro. A nutricionista Larissa Raucci foi ao show com o namorado, Renan Bergamo, e disse que se sente refém dos estacionamentos. ?Não dá para parar na rua porque não tem vaga e todos os estacionamentos da região cobram o mesmo preço. Então fico sem opções?, disse Larissa.
A analista de sistemas Flavia dos Santos pagou R$ 40 a poucos metros da casa de shows na Barra Funda, mas diz que o preço é abusivo. ?Tive que fazer vaquinha com minha amiga.? Na rua Augusta, Consolação (região central), motoristas também reclamam dos preços. ?Aqui costumava ser cerca de R$ 10 pouco tempo atrás. Agora prefiro parar na rua a pagar os R$ 25 cobrados hoje?, afirma o advogado André Vieira. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) ampliou a proibição de estacionamento nas ruas e nas principais vias de acesso do Morumbi, devido ao show de Beyoncé.
?Preço varia de acordo com gastos?
O Sindepark (sindicato dos estacionamentos) explica que um conjunto de fatores determina o valor do preço dos estacionamentos, como o aluguel da região, seguro e pagamento de funcionários.
Os estacionamentos da região da Barra Funda Union Park e Global Park, que cobram até R$ 50, dizem que o valor varia de acordo com a procura do evento, como formaturas, baladas e shows. O Maxi Park, que cobra até R$ 50 na região da Faria Lima, afirma que a variação do preço é regida por fatores como disponibilidade de vagas. Hot Valet, Kastro Park, Trevo e Carioca Interlagos, que cobram entre R$ 15 e R$ 35, dizem que preços praticados são de mercado e que são definidos pelos valores de despesas. Os estacionamentos Vallet Porto 87, Augusta Park, Multipark, Rede Park e São Paulo Estacionamento, cujos preços variam entre R$ 25 e R$ 40, não se manifestaram.
Especialista defende fiscalização rígida
A falta de novos espaços e a escassez de mobilidade na capital tornam os preços dos estacionamentos mais elevados, segundo o professor do Centro Universitário da FEl Creso de Franco Peixoto. ?Falta espaço na cidade e a disponibilidade se esgota.? O especialista em transportes afirma que ao motorista falta a sensação de segurança. ?Por essa razão, muitas pessoas se sujeitam a pagar altos preços, para evitar assaltos e outros crimes?, diz. Segundo Peixoto, existe ainda a questão do comportamento e do hábito.
?Um padrão de costume. As pessoas não querem andar de transporte público porque estão bem vestidas, com joias e outros acessórios. Isso traz um risco invisível e elas temem assaltos?, explica. O professor diz que, para coibir a violência e incentivar o uso do transporte público, é preciso uma fiscalização ostensiva, por meio de câmeras, e mais rigor aos motoristas de carro, como pedágio urbano. ?Dessa forma as pessoas poderiam começar a deixar os carros em casa.? Uma solução para baratear os estacionamentos, segundo Peixoto, seria a construção de bolsões lineares.
Fonte: Agora S. Paulo, 15 de setembro de 2013