Entre os que utilizam o carro diariamente, são 86% os que aprovam a criação dos corredores de ônibus. Dos motorizados, 61% disseram inclusive que deixariam o automóvel na garagem se tivessem uma boa alternativa de transporte público. O resultado surpreendeu até o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto. "Olha, eu achava que estava bem, mas não tinha essa dimensão. O mais surpreendente é a aprovação do usuário do carro", avaliou.
Mesmo medidas polêmicas, como o pedágio urbano, tiveram adesão acima do esperado: 27%, quase um terço dos entrevistados, aprovaria tal restrição - eram 17% em 2012. O rodízio para carros por dois dias na semana teve a aprovação de 49% (eram 37% ano passado). Uma possível explicação para o crescente apoio a medidas contrárias ao transporte privado se encontra no próprio levantamento: o paulistano passa, em média, 2h15 do seu dia no trânsito.
Tatto disse que o governo encomendou estudos de viabilidade. Sobre o pedágio urbano, afirmou que "não há nenhuma decisão", mas que o "transporte público é de boa qualidade na região central", o que poderia estimular restrições no futuro. Os benefícios poderão ser verificados já no domingo, data em que se comemora o Dia Mundial Sem Carro, quando a prefeitura vai impedir a circulação de automóveis particulares no centro.
Um estudo da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), com o qual o governo trabalha, mostrou que a extensão do rodízio, hoje restrito ao centro expandido, para as principais avenidas da cidade poderia melhorar em até 20% o fluxo nesses locais. O secretário lembrou ainda que a presidente Dilma Rousseff destinou R$ 3 bilhões para corredores de ônibus e terminais de integração na cidade. "Já estamos licitando 150 km de corredores", disse.
Um terço dos paulistanos (34%) se mostrou favorável à tarifa zero, ou seja, totalmente custeada pelo governo. Outros 56% aprovam uma tarifa intermediária, com o governo arcando com metade dos custos da passagem. Ainda sobre a tarifa, 46% acham que a gratuidade do transporte público é "possível e viável".
O único revés apontado pela pesquisa para a gestão Haddad é no subsídio à tarifa, já que 53% dos entrevistados se manifestaram contra o aumento do preço da gasolina para custear a redução da passagem. Há um mês, Haddad apresentou dados preliminares de um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que mostraram que um aumento de R$ 0,50 no litro da gasolina possibilitaria um subsídio de R$ 1,20.
Foram ouvidas 805 pessoas entre 29 e 27 de agosto. A margem de erro é de três pontos percentuais.
Fonte: Valor Econômico (SP), 17 de setembro de 2013