Ao mesmo tempo, as estatísticas do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) indicam que o número de emplacamentos de carros na capital segue crescendo. Nos sete primeiros meses do ano, 70.162 automóveis começaram a rodar na cidade, 15% a mais que a quantidade de carros emplacados no mesmo período de 2012. Em julho, a frota de São Paulo era de quase 5,4 milhões de veículos.
Muitos dos novos donos de carros têm migrado do transporte público paulistano, como a supervisora administrativa Carla Quirino, que mora em Itaquera, na zona leste. Para ir trabalhar em Pinheiros, na zona oeste, passou a utilizar um automóvel. Às terças-feiras, porém, o carro não pode circular nos horários de pico, por causa do rodízio. Então, ela usa ônibus e metrô. "É o pior dia da semana, com muita demora e cansaço. Mas a situação vai mudar. Queremos outro carro para usar nesse dia." De carro, ela vence o percurso em uma hora. Quando usa ônibus e metrô, leva até duas horas e meia.
Seu marido, o gráfico Paulo Roberto Sousa Santos, abandonou o ônibus há uma década. "Apesar desse plano recente de faixas, a situação ainda não melhorou para os ônibus. O metrô também é ruim. Às vezes, minha mulher demora 40 minutos só para entrar na estação."
O consultor em transportes Horácio Figueira diz que a cidade vive uma fase de transição. O primeiro passo foi dado com a implantação das faixas. Agora, é preciso proporcionar um transporte mais confortável, aumentando a frota e reduzindo a lotação dos coletivos. "É uma questão de degustação. Tem gente que andou de carro a vida inteira e experimentará o ônibus agora."
Fonte: O Estado de S. Paulo, 16 de setembro de 2013