"O que chama atenção agora é que você tem regiões com comportamento mais distinto", afirma Eduardo Zylberstajn, economista e coordenador do indicador. Há dois ou três anos, o movimento de alta era predominante entre as regiões pesquisadas, o que não ocorre agora. Enquanto São Paulo e Rio de Janeiro, dois dos principais mercados imobiliários do País, continuam com alta de preços acima de 1% (pela ordem 1,3% e 1,1% em julho), há casos como o de Belo Horizonte e do Distrito Federal, cujas cotações recuaram novamente, -1,2% e -0,1%, respectivamente.
Os contrastes são ainda maiores no Nordeste. Fortaleza teve a maior variação isolada do índice (+3,4%) e Recife, a menor - uma alta de 0,6.
Na capital paulista a variação foi a menor para o mês de julho da série histórica, iniciada em 2008, mas a pesquisa mostrou grande diferença entre os bairros. "Antes, você observava em São Paulo todos os bairros com alta de preço", diz Zylberstajn. No mês passado, o intervalo entre a maior valorização e a menor foi de mais de 7 pontos porcentuais: alta de 4,5% na região de Raposo Tavares, ante recuo de 3,4% no Jardim Previdência.
Bolha
Nesta semana, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou relatório que apontava os riscos de uma bolha de preços imobiliários no Brasil. O documento alertava para os perigos da expansão acelerada do crédito e também da redução da taxa básica de juros, a Selic, sem que houvesse o alongamento dos prazos dos empréstimos.
"A análise bate com a nossa. A questão chave (da bolha imobiliária) é a sustentabilidade do crédito. Portanto, a gente conclui que enquanto essas condições de crédito vigorarem, não há risco de bolha", diz. Zylberstajn explica que, apesar das variações negativas de um mês para o outro, o movimento não é forte o suficiente para dizer que os preços estão despencando.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 3 de agosto de 2012