O crescimento foi ainda menor - de 10,5% - se for levado em consideração apenas o sistema municipal, que transporta 2,9 bilhões de passageiros por ano, ou quatro vezes o que leva a CPTM.
Tanto a gestão Kassab quanto os governos de Serra e Alckmin não investiram em novos corredores de ônibus.
O Estado tem só um, iniciado por Franco Montoro (1983-87) e ampliado em 2010 por Serra. Já Kassab prometeu 66 km de corredores na atual gestão, que acaba em dezembro, mas não fez nenhum.
Com o crescimento menor, a participação dos ônibus paulistanos no total de passageiros caiu de 65% em 2006 para 58% no ano passado.
Motivos
De acordo com especialistas, um dos motivos para a pouca atratividade dos ônibus é a baixa velocidade, por conta da falta de investimentos em corredores e do aumento de carros nas ruas, o que atrapalha o fluxo onde não há faixas exclusivas.
De acordo com a prefeitura, em 2011, a velocidade média nos dez corredores foi de 15 km/h no horário de pico, inferior à que pode ser desenvolvida em uma bicicleta.
Outro motivo é o Bilhete Único, que permite ao usuário do transporte público usar dois sistemas com uma tarifa. "Quem ia de ônibus até o fim da viagem agora desce e pega trem ou metrô no caminho", diz Marcos Bicalho, coordenador da Comissão de Circulação e Urbanismo da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos).
A prefeitura afirma que a oferta de lugares cresceu mais que o número de passageiros, o que mostra que o ônibus tende a não atrair mesmo mais gente.
Para o engenheiro Ivan Whately, da Secretaria Municipal de Transportes, a demanda é por sistemas de alta capacidade, como metrô.
Bicalho, porém, diz que, se os corredores prometidos estivessem em operação, haveria mais passageiros nos ônibus. "Atrairia mais porque a viagem seria mais rápida."
Desde 2006, o metrô ampliou a linha 2-verde e inaugurou a linha 4-amarela. Já a CPTM investiu na modernização dos trens e do sistema - o que não evitou ao menos 15 falhas graves só neste ano.
Fonte: Folha de S. Paulo, 2 de maio de 2012