O "trabalho" (assim, entre aspas) que essas pessoas fazem é daqueles em que se ganha sem fazer nada, pois na verdade eles não tomam conta de nada. Só tomam conta daquele território que conquistaram e defendem com grosseria, com violência. Ganhar sem fazer nada é crime. Ocupar um espaço "na marra" é crime. Também é crime comprar um talonário de Zona Azul, em que cada folha custa R$ 2,80, e depois cobrar até R$ 10 por aquela mesma folha, quando o dono do veículo está sem o seu talonário. Trata-se de apropriação indébita, que com frequência vem acompanhada da extorsão, pois o flanelinha impõe o preço mais alto e obriga o motorista a aceitar.
Como eles são violentos e nunca estão sozinhos, o motorista vai embora, buscando outro lugar para estacionar, ou se curva às condições impostas por aquele bando que se comporta como se fosse o verdadeiro dono das ruas. A CET, como dona dos talonários de Zona Azul, tem a obrigação de defender o seu patrimônio, tem o dever de denunciar o abuso cometido contra seu produto. De seu lado, a PM tem a obrigação e o dever de agir com firmeza quando tem conhecimento de que um crime é repetidas vezes cometido em lugares conhecidos como focos de tais crimes. Falamos aqui de locais como os arredores do Estádio do Pacaembu (folha da Zona Azul a R$ 10), a Rua Florêncio de Abreu (R$ 5 a RS 7), o acesso ao Aeroporto de Congonhas (R$ 5), a Praça Benedito Calixto (R$ 4) e vários outros, por toda a cidade. A reportagem do Diário esteve nesses locais e flagrou o crime cometido livremente, abertamente, à vista de todos - e sem punição nenhuma. A CET e a PM também têm conhecimento dessa situação escandalosa, mas não agem. Omissas, as autoridades permitem que os flanelinhas prossigam com sua atuação criminosa, marginal. É uma ameaça à integridade física e à liberdade dos cidadãos. Será que o poder público vai deixar assim para sempre?
Fonte: Diário de São Paulo, 4 de maio de 2012