Hoje 3.500 pessoas morrem por dia em incidentes relacionados ao trânsito, e 50 milhões se ferem anualmente nas ruas e estradas do mundo.
O relatório atribui o alto número de fatalidades às políticas de transporte que priorizam veículos, rodovias e velocidade, em detrimento das pessoas e da segurança. A grande maioria dos mortos no trânsito vem de países em desenvolvimento, e 20 países são responsáveis por 70% das mortes globais no trânsito.
Crianças e jovens são os mais afetados, tanto que acidentes de trânsito hoje constituem a maior fonte isolada de mortes de pessoas na faixa dos 10 a 24 anos de idade em todo o mundo. Em 2004, o último ano para o qual há dados abrangentes disponíveis, acidentes de trânsito mataram mais crianças de 5 a 14 anos que a malária, diarreia, HIV e Aids.
O relatório avisa que, se nada for feito, a espiral crescente de mortos e feridos no trânsito será um obstáculo importante a impedir que o mundo atinja as metas de educação e pobreza definidas nas metas de desenvolvimento do milênio.
A Campanha pela Segurança Global nas Estradas está exortando líderes mundiais a adotarem ações urgentes para integrar o transporte sustentável e a segurança nas estradas na pauta da conferência Rio+20.
Ela avisa que não existe "receita mágica oculta" para lidar com a segurança nas estradas, mas diz que, diferentemente de muitas outras epidemias de saúde, há intervenções possíveis que são simples, baratas e testadas e que simplesmente não estão sendo aplicadas ou implementadas. Elas incluem a implementação das normas sobre o uso de capacetes, cintos de segurança e proibição de consumo de álcool antes de dirigir, além do reforço da segurança dos veículos.
"A epidemia de ferimentos e mortes no trânsito é uma fonte de pobreza, sofrimento humano e desperdício econômico em escala global", diz Kevin Watkins, pesquisador sênior do Brookings Institution e autor do relatório. "Nas próximas duas décadas a frota de veículos nos países mais pobres do mundo vai aumentar em ritmo inusitado. Diferentemente de algumas outras questões que serão discutidas na conferência Rio+20, esta envolve poucas incógnitas. Não se trata de ciência avançada, mas, mesmo assim, os avanços têm sido dolorosamente lentos."
Fonte: jornal The Guardian, 2 de maio de 2012