No Autódromo de Interlagos, o instrutor de direção defensiva recria, com segurança, o perigo da falta de concentração. E o risco vai além de misturar celular e volante.
Dentro do carro, todo motorista se coloca em situações que o fazem com que perca a atenção. O instrutor de direção defensiva Roberto Manzini ajuda a entender como isso é perigoso. O primeiro erro é começar a dirigir para só depois colocar o cinto de segurança: "Por volta de 4 segundos você não está olhando à frente. A 60 km/h, são 72 metros sem enxergar", explica.
Outro risco: trocar o CD com o carro em movimento: "Olha, quatro segundos pra achar o eject. Dá uma olhada como você saiu da via. Soltou as duas mãos do volante: olha como você está fazendo uma cobra. Você calcula isso a 100 km/h numa rodovia", diz.
Depois, pegar alguma coisa no banco de trás: "Olha a roda como está. Ou seja, a tendência de ir para esquerda é porque você mexeu o volante. Na hora que você foi pegar, seu corpo mexeu o volante. Isso na rua é um desastre", declara.
E o que pode acontecer quando o motorista procura um objeto no porta-luvas? "Olha só, fechou o farol e você nem colocou o pé no freio, você não viu o semáforo. Nós teríamos morrido se tivesse um caminhão parado ali. Isso normalmente acontece com quem dirige há muito tempo, até porque pensa que domina a situação. E não domina, porque estamos numa situação dinâmica", conta.
Ainda mais com estrada cheia, em véspera de feriadão: "No caso de viagens, você tem que programar, deixar tudo a mão. Tem gente que vai chegando perto do pedágio vai procurar dinheiro, troco, moeda. Você está a 120 km/h", diz Roberto.
Em resumo: ao volante, apenas dirija. "É o principio da direção segura: se eu enxergo, eu tenho como prevenir", conclui o instrutor.
Fonte: Jornal Nacional (TV Globo), 12 de novembro de 2010