"Assim como algumas pessoas dirigem de forma agressiva, há ciclistas que não sabem se portar na rua", afirma Arturo Alcorta, professor e um dos responsáveis pela Escola de Bicicleta (www.escoladebicicleta.com.br), site que ensina a usar a magrela de maneira segura.
Obedecer às leis de trânsito - num carro, moto ou bike - é condição básica. De acordo com a CET, para aplicar punição seria preciso que as bicicletas tivessem placas de identificação, o que não acontece. O exigido dos ciclistas é nunca andar na contramão, respeitar semáforos e manter-se à margem da pista, sem executar manobras imprevisíveis. A da direita é a mais indicada, exceto quando for corredor de ônibus. Outra medida fundamental é usar espelho retrovisor e itens de sinalização, como faixas refletoras, lanternas, buzinas ou até os próprios braços, para ser visto e indicar corretamente cada movimento a ser realizado. Nada acontece, porém, com quem desobedece a essas regras e põe em risco os demais. Apesar de não ser item obrigatório, o capacete também é recomendado.
Numa metrópole em que a estrutura deficiente faz com que bicicletas, motos, carros, ônibus e caminhões disputem os mesmos espaços em um ritmo frenético, todo o cuidado é pouco. Somente no ano passado, houve 61 mortes de usuários de bicicleta em embates viários pela cidade, uma média de cinco vítimas por mês.
A intransigência dos motoristas é outro fator que contribui para a insegurança no trânsito. Pelo Código de Trânsito Brasileiro, ciclistas e pedestres têm preferência sobre os veículos automotores, mas, na prática, quem costuma passar na frente é o carro, devido a seu tamanho e potência. Especialistas afirmam que, ainda que os condutores respeitassem a preferencial e fossem gentis uns com os outros, ninguém estaria a salvo de acidentes.
A pé, sobre pedais ou motorizados, os paulistanos vivem no trânsito um dos mais espinhosos desafios da convivência urbana.
Fonte: Revista Veja São Paulo, 28 de abril de 2010