"Aonde que eu vou colocar as minhas clientes que são milionárias, que andam de carro importado? Você acha que as minhas clientes vão andar de salto alto de bicicleta?", reclama a comerciante Carolina Maluf.
A polêmica é sinal da disputa cada vez maior por espaço, cada vez maior nas cidades brasileiras. Se, com a melhora da economia, milhões de carros chegam às ruas a cada ano, a preocupação com meio ambiente e qualidade de vida está obrigando as cidades a repensar os meios de ir e vir.
Apesar de ter ampliado as ciclovias, São Paulo ainda tem poucas em relação ao tamanho da cidade, segundo uma pesquisa sobre mobilidade que levou em conta impacto ambiental e bem-estar da população. Entre nove cidades avaliadas, a capital paulista ficou em último lugar, com nota 2. Segundo o levantamento, é lá que as pessoas usam mais carros e motos para se deslocar.
"Automóvel está associado a congestionamento, a perda de tempo, que prejudicam no final de contas a qualidade de vida das pessoas", diz Thiago Guimarães, coordenador do estudo.
A pesquisa aponta as ciclovias como ponto fraco de Belo Horizonte e Porto Alegre. Em Salvador e Cuiabá, o maior problema é a tarifa de ônibus, considerada cara.
Natal tem poucos ônibus acessíveis a deficientes, um ponto forte de Curitiba. Brasília foi elogiada pelas ciclovias e criticada pelo número de mortes no trânsito.
E o Rio de Janeiro foi considerada a cidade onde há menor impacto ambiental porque mais pessoas usam transporte coletivo.
O mais difícil em São Paulo é convencer o motorista a deixar o carro de lado. Em um ponto, todo mundo concorda. Do jeito que está não dá. "Não há um meio de transporte que vá resolver a situação. Incentivar a combinação de viagens por bicicletas e por meios coletivos de transporte seria uma boa saída para São Paulo", avalia um morador.
Como não está presente em todas as capitais analisadas, o metrô não foi avaliado nesta pesquisa.
Fonte: Jornal Nacional (Rede Globo), 5 de novembro de 2011