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As férias escolares acabaram, alerta o telão de monitoramento da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). É quase meio-dia e São Paulo já soma 73 km de congestionamento, índice acima da média para uma terça-feira. Na porta de um colégio particular da zona norte, carros estacionados em fila dupla deixam apenas uma pista livre. Motoristas irritados aceleram, xingam, buzinam. Mal se ouve o sinal da escola. No sentido oposto, um motoqueiro fura o semáforo e quase atropela uma mulher na faixa de pedestre. "As pessoas estão cada vez mais mal-educadas no trânsito", diz a especialista em etiqueta Gloria Kalil à Folha. "A maioria ignora o bem comum e, principalmente, as leis. Até gente educada parece adquirir outra personalidade ao volante."
Dedo no nariz
O malcriado sobre rodas tem mais chances de provocar acidentes, segundo o National Highway Traffic Safety Administration (órgão norte-americano de segurança do trânsito). Em 11,4% das batidas com mortes nos Estados Unidos entre 2003 e 2007, o causador do acidente admitiu ter agido com egoísmo. O principal motivo estava ligado ao excesso de velocidade (30,7%).
Para a diretora do departamento de psicologia da Abramet (associação de medicina do tráfego), Raquel Almqvist, isso ocorre porque o trânsito, ao mesmo tempo, é uma fonte e uma válvula de escape para o estresse. "Pior quando o motorista acredita que prejudicando o outro ele se sentirá mais aliviado."
Outra observação da psicóloga é que o condutor, em geral, tende a se sentir anônimo e autoconfiante dentro do carro. Por isso não se acanha em "fechar" um outro na estrada nem disfarça quando cutuca o nariz.
Segundo André Horta, analista do Cesvi (centro de segurança viária), o transgressor costuma ter noção da infração, mas acredita ter agido de forma certa naquele contexto.
"Do ponto de vista legal, o condutor negligente e o imprudente serão punidos da mesma forma", explica o advogado Marcos Vinícius Ulaf, especializado em ocorrências de trânsito.
Mudanças no tráfego aumentam tensão, afirma especialista
Para o analista de segurança viária do Cesvi, André Horta, recentes soluções de engenharia de tráfego, como o estreitamento de pistas (para adicionar faixas extras e acomodar mais veículos), pioram a relação entre motoristas. "O adensamento aumenta a tensão no trânsito."
O estresse leva à falta de cordialidade, como bem sabem os moradores da rua Cardoso de Almeida, uma das mais movimentadas do bairro de Perdizes (zona oeste).
"Na hora do rush, chego a ficar cinco minutos esperando que uma boa alma motorizada dê passagem para que eu consiga sair da garagem. Chega a formar fila na rampa do condomínio", diz o metalúrgico Geraldo Távora.
O Código de Trânsito Brasileiro não obriga ninguém a dar passagem. Essa é apenas uma das questões regidas pelo bom senso.
"Um fator que agrava a convivência nas ruas é a dificuldade do brasileiro para lidar com limites sociais", diz Celso Mariano, especialista em educação de trânsito.
Para ele, essa falta de limite acaba levando ao excesso de normas, nem sempre conhecidas ou respeitadas. Um exemplo é o uso da buzina entre 22h e 6h, infração prevista no código de trânsito.
A infração é subavaliada até pela fiscalização, que multou apenas 22 condutores na capital em 2011, informa a CET. No mesmo período, 48.086 motoristas foram autuados por dirigir e usar o celular, situação que também depende do flagrante de um fiscal.
"Se o condutor não entende a razão e o benefício da lei, dificilmente irá cumpri-la", diz Mariano.
Pedestre nem sempre é vítima e pode ser cobrado
O número de mortes por atropelamento no que a CET chama de ZMPP (Zona Máxima de Proteção ao Pedestre), que vai do centro até a avenida Paulista, caiu 42% entre maio e setembro do ano passado, em comparação a igual período de 2010.
A prefeitura investiu em campanhas educacionais e pediu empenho da fiscalização. A multa para o motorista que desrespeitar a faixa é de R$ 191,23, mais sete pontos na CNH. O volume de autuações passou de 5.000 para 12 mil em 2011.
O código de trânsito também prevê multa (R$ 26,20) para quem atravessa fora da faixa. No entanto, a lei não é aplicada pois falta regulamentação.
A rigor, se o pedestre provocar um acidente poderá ser responsabilizado e cobrado pelo o prejuízo de terceiros, diz o advogado Marcos Ulaf, autor de "Manual Prático de Acidente de Trânsito".

- 6 maus comportamentos que acarretam multa e pontos na carteira
Superconectado
Ele certamente não sabe que mandar SMS ou falar ao celular é tão arriscado quanto guiar embriagado; R$ 85,13 e 4 pontos na carteira de habilitação
Lerdinho
Se a velocidade máxima é 60 km/h, por que ele anda a 20 km/h? Vagareza em excesso também é infração; R$ 85,13 e 4 pontos na carteira
Estridente
Buzina para abrirem a garagem, no cruzamento, para o cachorro na rua. Se o time dele ganhou, então...; R$ 53,20 e 3 pontos na carteira
Engraçadinho
Sua diversão no farol fechado é acelerar para assustar o pedestre. Muito comum entre motoqueiros; R$ 191,54 e 7 pontos na carteira
Egoísta
Adora fechar cruzamentos. Basta piscar o amarelo para ele acelerar e impedir o fluxo perpendicular; R$ 85,13 e 4 pontos na carteira
Desligado
Seta para ele é enfeite. Afinal, para que indicar que vai trocar de faixa ou dobrar a esquina, não é mesmo?; R$ 127,69 e 5 pontos na carteira

- 6 grosserias que não provocam multa, mas elevam o grau de irritação
Nervosinho
O farol mal abriu e ele já buzina para o carro da frente sair do lugar; é o oposto daquele que vive no mundo da Lua
Mundo da lua
O sinal abriu e ele, que é o primeiro da fila, permanece ali parado, em ponto morto, pensando na morte da bezerra
Espaçoso
Achar vaga na rua está difícil, principalmente porque este tipo para o carro de qualquer jeito, ocupando o espaço de dois
Ninguém para
Se você mora numa rua movimentada, sabe o que é depender da bondade alheia para conseguir sair da garagem do prédio
Bração
O nobre condutor não possui o dom da baliza, mas mesmo assim resolve manobrar durante 15 minutos, parando o trânsito
Fonte: Folha de S. Paulo, 5 de fevereiro de 2012

Categoria: Geral


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