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A Rua Aspicuelta, epicentro atual do agito noturno da Vila Madalena, contraria a lei da física de que dois corpos não ocupam o mesmo espaço. Ela reúne dezenove bares apenas no trecho entre as ruas Mourato Coelho e Fidalga. Nos fins de semana, eles atraem por dia um público estimado em 4.000 pessoas. A via é estreita (9,6 metros de largura), tem mão dupla e um congestionamento infernal, agravado pelo trabalho dos espaçosos manobristas, que param os carros dos clientes em fila dupla. Como se não bastasse, a cada dois minutos e meio passa um ônibus por ali - a Aspicuelta faz parte do itinerário de seis linhas. Impacientes, os motoristas dos coletivos tiram finas das calçadas, buzinam diante do congestionamento e, não raro, derrubam motos estacionadas e esbarram nos automóveis parados no meio-fio, constatou a Veja São Paulo.
"No fim do ano passado, deixei o carro com um serviço de valet, e, quando me devolveram, ele estava com a lateral toda amassada", conta o empresário Gabriel Mello. Para evitar entregar o veículo na mão de um desconhecido, há quem prefira batalhar por uma vaga na rua. A escolha também é arriscada. "Recentemente, um ônibus arrancou o espelho retrovisor do meu jipe", indigna-se o empresário Caetano Tibiriçá. Para não ter surpresas desagradáveis no fim do programa, habitués do reduto estão preferindo desembolsar um dinheiro a mais (leia-se no mínimo 18 reais) para garantir um cantinho nos estacionamentos. "Não penso duas vezes. Apesar do gasto, é a melhor saída", diz a arquiteta Tamara Toledo, que vai, semanalmente, desfrutar o agito local em seu Honda Fit.
Diante de tantos problemas, donos de bares e moradores da região iniciaram um movimento para tirar de lá os coletivos. A Secretaria Municipal de Transportes diz que estuda fazer a troca da frota por coletivos menores, mas não tem ainda previsão de implantação do novo sistema. "Algo precisa ser feito, pois a região está ganhando novos bares e não comporta mais o mesmo planejamento de dez anos atrás", afirma o executivo Wilham Castro, que há 32 anos vive no bairro.
Fonte: Revista Veja São Paulo, 21 de março de 2012

Categoria: Geral


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