O desafio continua quando o motorista ganha as ruas. Em algum momento ele irá deparar com a lentidão. De acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a velocidade média do trânsito em São Paulo fica entre 15 km/h e 20 km/h, dependendo do horário.
Um pedestre caminhando em ritmo normal faz 6 km/h, apenas um terço do que consegue um automóvel nos horários de pico da manhã e da tarde em São Paulo, das 7h às 10h e das 17h às 20h, independentemente de quantos cavalos o carro tiver no motor.
Assim, os engarrafamentos são inevitáveis. Em dias normais de semana eles passam facilmente os 100 km de carros quase imobilizados na malha viária. No último dia 13 de março os congestionamentos somaram 221 km, segundo a CET. É como se milhares de carros estivessem quase parados na rodovia Presidente Dutra desde São Paulo até Cruzeiro, quase na divisa com o Estado do Rio de Janeiro.
Mesmo devagar, o trânsito mata. Segundo o Relatório de Acidentes de Trânsito, divulgado pela CET no final do ano passado e o mais atual até agora, em 2009 (ano-base do levantamento), morreram no trânsito da cidade 1.382 pessoas, quase quatro por dia.
Vencidos os desafios até aqui, a chegada ao destino pode representar outro problema: encontrar um lugar para estacionar. Com o objetivo de melhorar a vida do motorista que precisa andar, a prefeitura de São Paulo vem reduzindo o número de espaços públicos para estacionar, piorando, assim, a vida daquele que precisa parar.
Mesmo que encontre uma vaga na rua, o motorista sabe que está sujeito, na volta, a encontrar seu carro diferente de como o deixou. Em 2010, 78 mil veículos foram furtados ou roubados em São Paulo - 213 por dia -, segundo a Secretaria de Segurança Pública. Resta a alternativa de pagar por uma vaga de estacionamento. De acordo com o SINDEPARK (Sindicato das Empresas de Garagens e Estacionamentos do Estado de São Paulo), existem na cidade perto de 10.000 estacionamentos, com capacidade para abrigar 900 mil veículos - cerca de 13% da frota paulistana.
A rotina desse motorista, da garagem de casa até o estacionamento perto de algum destino qualquer na cidade de São Paulo, pode se repetir várias vezes ao dia.
Fonte: Folha de S. Paulo, 9 de abril de 2011