"A CET criou um problema para resolver outro. Ela está divulgando que conseguiu melhorar o trânsito na Bandeirantes, mas ela não resolveu nada, só transferiu o problema de lugar. A Giovanni Gronchi está parada 24 horas por dia. O bairro do Morumbi não tem estrutura para este tipo de trânsito", disse Henrique Farina, chefe de redação do jornal Planeta Morumbi, publicação local sobre o bairro, à reportagem do UOL.
Com a nova medida, vias locais do Morumbi e de outros bairros da região viraram rota alternativa para os caminhoneiros que optaram por não pegar o Rodoanel. Essa migração, responsável pela piora no trânsito e pela desordem nas vias na região, vem irritando tanto os moradores quanto quem trabalha no bairro.
A principal reclamação dos moradores é com relação ao aumento do trânsito. Entretanto, eles também afirmam que a nova rotina está causando outros transtornos, como o aumento da poluição, do barulho e da insegurança.
"Não é mais possível andar pelo bairro. Além disso, a poluição é violenta, já se pode ver a diferença. Sem falar no problema da insegurança, os caminhões são muito grandes e acabam prejudicando a visibilidade. Já encontrei pessoas que disseram estar com mais medo", afirmou Júlia Titz de Rezende, presidente do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) do bairro.
Afirmando que o que a CET fez foi "transferir os problemas de lugar", Júlia conta ainda que não consegue mais conversar com as pessoas na rua por conta do barulho produzido pelos caminhões.
O jornalista Farina relata que na semana passada, no período da tarde, dois caminhões grandes quebraram na Giovanni Gronchi, o que foi suficiente para o trânsito parar em toda a região. "Está tudo travado. Todas as ruas do bairro, inclusive as ruas internas", disse Eliana Dourado Chimelli, primeira-secretária do Conseg.
Segundo os moradores, como o trânsito fica parado nas grandes vias do bairro, como nas avenidas Morumbi, Jorge João Saad, Giovanni Gronchi e Padre Lebret, os caminhoneiros estão utilizando também as ruas internas, que não têm capacidade para receber veículos pesados. "Essas ruas não estão preparadas para esse tipo de movimentação. Em pouco tempo esses caminhões acabarão com o asfalto e logo aparecerão buracos", descreve a presidente do Conseg.
Na mesma linha, Farina conta, com pesar, que os caminhões estão destruindo o patrimônio público. "Eles estão arrancando placas e derrubando galhos de árvores. É um absurdo o exagero de caminhão que passamos a ter por aqui".
Segundo a presidente do Conseg, o problema ainda é recente e, por isso, os moradores ainda não tiveram tempo de se organizar para exigir providências da prefeitura. Mas, segundo Farina, já existem movimentos para tentar mudar essa situação.
Outro lado
Apesar das queixas dos moradores, não há números que confirmem o aumento do tráfego. Por meio de uma nota, a CET ressaltou que "vem realizando estudos do impacto dessas medidas no bairro, acompanhando e monitorando o comportamento do trânsito". Segundo o órgão da prefeitura, entre as vias monitoradas estão as avenidas Giovanni Gronchi, Morumbi, Eliseu de Almeida e Francisco Morato.
A CET informou ainda que, "caso necessário, fará os devidos ajustes, sem descartar a ampliação da restrição". Entretanto, disse que antes é preciso analisar criteriosamente o volume de caminhões que obrigatoriamente tem de circular dentro do município, já que muitos desses veículos não deveriam transitar nas vias da cidade.
A nota ainda afirmava que a prefeitura e o governo do Estado estão estudando uma forma para diminuir o número de veículos pesados que utilizam as vias da cidade apenas como passagem. "Com base nesse levantamento, será decidido se o tráfego de caminhões também será restrito nas avenidas do Estado e Salim Farah Maluf e na marginal Tietê, após a inauguração da avenida Jacu Pêssego".
Bons resultados
Segundo medições feitas pela CET, comparando a fluidez dos dias 2, 3, 8 e 9 de setembro de 2010 com os dias 3, 4, 8 e 9 de setembro de 2009, a lentidão média na avenida dos Bandeirantes foi 84% menor (caiu de 3 km em 2009 para 0,5 km este ano) e, na marginal Pinheiros, 42% menor (caiu de 5,5 km para 3,2 km).
Ainda segundo o levantamento, os efeitos dessa restrição foram sentidos também na marginal Tietê, que apresentou uma lentidão 62% menor (caiu de 10,7 km para 4,1 km). Em toda a cidade, a análise das medições mostra que a lentidão média diária caiu 32% de 2009 para 2010 (de 83 km para 56 km).
Fonte: UOL Notícias, 13 de setembro de 2010