Ou seja, se o permitido é trafegar a até 60 km/h e um automóvel roda a 80 km/h na maior parte do percurso, leva multa. Isso é possível principalmente em avenidas onde há poucas saídas. Um radar com Leitor Automático de Placa (LAP), tecnologia já em operação na capital, é instalado no início da via e outro alguns quilômetros à frente. O sistema capta os instantes em que o mesmo veículo passa por ambos os pontos. Por isso, a distância entre os dois não pode ser grande - o ideal é de até 3 km. Os motoristas que saem da via antes de cruzar o segundo equipamento não são mais computados.
O estudo dessa lógica de autuação foi feito por quatro pesquisadores do órgão de trânsito no corredor Norte-Sul, em junho do ano passado. As conclusões, publicadas há poucos dias, revelam que a maioria dos motoristas que infringem as regras ultrapassa a velocidade limite permitida, e só reduz quando vê algum radar à frente.
Ao longo do mês da pesquisa, 495 mil veículos foram avaliados nas avenidas 23 de Maio, Rubem Berta e Moreira Guimarães. No total, 2.753 infrações foram cometidas por 2.665 motoristas. Destes condutores, 88% (2.348) não respeitaram a velocidade média no trecho pesquisado - que tem 4 km no sentido bairro e 6,5 km no oposto. Apesar das infrações constatadas, os veículos não foram multados, já que se tratou de um teste.
Para os pesquisadores, a estatística demonstra que a prática de frear perto dos radares é disseminada. Enquanto nos pontos onde estão os radares os condutores circulam, em média, a 60 km/h, "passam para, aproximadamente, 83 km/h ao longo do trecho, denotando um comportamento indubitavelmente proposital de diminuir para não serem autuados".
Os pesquisadores propõem que esse sistema de fiscalização seja complementar ao que já existe, "contribuindo para a melhoria da segurança viária".
Porém, o presidente da comissão de trânsito da OAB-SP, Maurício Januzzi, crê que esse modelo poderia ser contestado. "É uma fiscalização que leva a alguma conclusão, mas daria margem a várias contestações da eficácia dos equipamentos." Além disso, ele acredita que o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) teria de baixar uma resolução prevendo a fiscalização de velocidade média.
Em nota, a CET informou que o "assunto deverá, primeiro, passar por uma discussão jurídica, com base no CTB, para, então, ser estudada a sua viabilidade de implantação".
Fonte: Jornal da Tarde, 10 de abril de 2012