"O estresse não é causado apenas pelo trânsito, mas é no trânsito que muita gente extravasa a tensão acumulada", explica Esdras Vasconcellos, professor de psicologia da USP. "Se a pessoa não tem a postura psicológica para controlá-lo, ele aumenta ainda mais", acredita.
João Carlos Alchieri, psicólogo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte que estuda comportamento e trânsito, concorda. Segundo ele, o trânsito faz com que as pessoas tenham menos tolerância e sintam-se mais agredidas. A raiva, muitas vezes, gera atitudes agressivas no trânsito. Para Alchieri, contudo, xingar e buzinar também são maneiras de exteriorizar o descontentamento. Para ele, a presença de um passageiro no veículo pode aliviar o estresse. "O diálogo facilita a atenuação do processo de raiva", avalia.
O estresse também acelera os batimentos cardíacos, aumenta a pressão sangüínea e o suor, além de contribuir para dores de barriga, de cabeça, no pescoço e nas pernas. Quem não pode evitar o automóvel, nem os horários de pico, deve preparar-se para enfrentar, da melhor maneira possível, os congestionamentos. "O trânsito estressa muito mais quem não se prepara para enfrentá-lo", lembra Esdras Vasconcellos. Para ele, é fundamental que o motorista se conscientize de que não pode mudar a realidade. Paciência e tolerância são as palavras-chave. Hábitos saudáveis, como praticar atividades físicas, alimentar-se bem, consumir moderadamente álcool e medicamentos e meditar também podem ser benéficos. "Quanto menos estresse na vida, maior a tolerância no trânsito", resume Vasconcellos. Ouvir música ou notícias no rádio e exercícios de respiração também contribuem para aliviar a tensão.
Fonte: Folha de São Paulo, 25 de abril de 2008