Segundo levantamento feito pelo Jornal da Tarde com o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado (DER) e a Agência Reguladora de Transporte de São Paulo (Artesp), só no ano passado, foram atendidos 83.971 veículos, vítimas da chamada "pane seca". Nas rodovias administradas por concessionárias esse problema é responsável por 11% dos atendimentos, ao longo de 3,5 mil km de vias.
Além de ser um transtorno para quem está no carro, ficar sem álcool ou gasolina numa rodovia é arriscado e passível de autuação. A pane seca é considerada pelo Código de Trânsito Brasileiro uma infração média, com multa de R$ 85,13 e quatro pontos na carteira.
Responsável pela administração do Sistema Anhangüera-Bandeirantes, a Autoban registrou no primeiro trimestre deste ano 3.113 ocorrências. No caso de pane seca, a concessionária apenas desloca o veículo para um local seguro. Encontrar gasolina é responsabilidade do motorista. As ocorrências de pane seca são tão freqüentes no sistema Castelo-Raposo que a Viaoeste, concessionária responsável, iniciou uma campanha de conscientização entre os motoristas.
Combustível batizado
Segundo o engenheiro e mecânico Rubens Venosa, a maioria dos casos de pane seca (ou falta de combustível) é resultado de descuido. No entanto, ele afirma à reportagem do Jornal da Tarde que um fator pode contribuir: combustível batizado: "Adulteração significa consumo elevado sempre. Quem faz 10 km por litro com um combustível bom pode chegar a uns 6 por litro com um ruim." O velho problema do ponteiro, segundo ele, pode ser evitado com um teste rápido sempre que se enche o tanque. Olhando atentamente o mostrador, o motorista saberá se ele está com defeito.
Apesar de ser o tipo de pane que mais deixa os especialistas perplexos, por ser evitável, a falta de combustível não é a recordista de atendimentos nas rodovias paulistas. Esse posto é da pane mecânica. Nas rodovias concedidas, ela representa 59% das ocorrências. A causa mais freqüente é a quebra da correia dentada. Para evitar um inconveniente como esse no meio da viagem é aconselhável fazer uma boa revisão no carro antes de pegar a estrada. Resolver um problema desse tipo pode custar ao motorista até três dias de dores de cabeça.
Já as panes elétricas, também evitadas com revisão, correspondem a 7% dos atendimentos e a troca de pneus furados a 13%. Nesse caso, além de contar com a sorte, o dono do veículo deve manter os pneus sempre em bom estado.
Carro parado afeta a todos
Quem tem carro sabe muito bem que junto com o veículo vem um pacote de responsabilidades e o abastecimento é a mais elementar delas. É preciso, ainda, fazer revisão periódica e manter a documentação em dia. Um veículo que não segue viagem por falta de combustível causa transtornos para todos, uma vez que terá de ser guinchado, provocando impacto no trânsito da cidade e das estradas. Veja o que determina o Código de Trânsito Brasileiro.
Multa de R$ 85,13 e 4 pontos na carteira (infração média) para veículo imobilizado por falta de combustível. Dirigir sem equipamento obrigatório, ineficiente ou inoperante é infração grave, sujeita a multa de R$ 127,69 e 5 pontos.
Não acionar o limpador de pára-brisa sob chuva, infração grave, sujeita a multa de R$ 127,69 e 5 pontos. Atenção também para os faróis, porque conduzir o veículo com defeito no sistema de iluminação, de sinalização ou com lâmpadas do sistema queimadas é infração média, que pode ser multada em R$ 85,13 e 4 pontos.
Transitar com o veículo derramando, lançando ou arrastando sobre a via combustível ou lubrificante que esteja utilizando é uma infração considerada gravíssima. Para ela, multa de R$ 191,54 e 7 pontos. Todos esses problemas podem acarretar ainda ao motorista retenção para regularização.
Fonte: Jornal da Tarde (SP), 1º/05/2008