Numa cidade com uma frota de 6,3 milhões de veículos, que tem no trânsito um dos seus principais problemas, garantir a fluidez na malha viária é essencial para reduzir os acidentes, os congestionamentos, a poluição, o desperdício de combustível e de tempo.
Cada dia, 4,5 milhões de veículos circulam efetivamente pelas ruas de São Paulo e, desses, 220 mil são caminhões. Esse tráfego gera ao menos mil buracos por dia na desgastada pavimentação, em épocas de seca. Nos períodos de chuvas, o número dobra.
Com a ampliação do serviço de tapa-buracos e contando com os recapeamentos já realizados em anos anteriores, a administração municipal tentava reduzir esse problema. Entre janeiro e julho, fechou 58 mil buracos por mês. No entanto, o balanço do primeiro trimestre do ano, feito pela Ouvidoria-Geral da Prefeitura de São Paulo, revela que houve um aumento de 51% no número de reclamações sobre buracos nas ruas, na comparação com o primeiro trimestre do ano passado.
O governo municipal admitiu que houve atrasos na licitação para a contratação dos serviços e explicou que, em períodos de chuvas, o asfalto se desgasta com maior intensidade. E neste ano as chuvas não deram trégua nem no inverno, o que só piorou as condições das ruas.
Tapar buraco é rotina, e é um serviço a ser feito com urgência, para evitar a deterioração do asfalto em torno da cratera e dar segurança a pedestres e motoristas. Muitas vezes, no entanto, a pressa e a má qualidade do serviço transformam os buracos em saliências de pedra e asfalto que prejudicam tanto quanto as crateras a fluidez do trânsito e a segurança dos veículos.
Congelar de um lado para gastar de outro é decisão que não se justifica quando a meta é economia. Além de ser obrigada a investir mais em tapa-buraco para compensar a paralisação das obras de recapeamento, a cidade ainda perde com os prejuízos provocados pelos acidentes e congestionamentos, que pioram com as condições do asfalto.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 7 de setembro de 2009