Parking News

Jorge Hori *

Matéria da revista Super Interessante, de setembro, transcrita no 102º boletim do Parking News, retoma a questão do pedágio urbano, citado por "especialistas" como a solução para evitar o "apagão da mobilidade urbana".
As posições e debates colocam condições reais com mitos, suposições e até ilusões. A principal condição real é a ocorrência de congestionamentos e, para os que estão presos no congestionamento, a impaciência de não conseguir se movimentar. Mas esse motorista não está disposto a abandonar o seu carro para se movimentar. Quer sempre que os outros deixem de circular. Quer que o governo dê alguma solução, que não seja limitar o seu uso do automóvel. E aí vem a segunda condição real: não está disposto a pagar mais para poder circular. Por isso é contra o pedágio.
Os "especialistas" acham que a solução está no motorista deixar o carro em casa e se movimentar por meio do transporte coletivo. Coisa que eles mesmos não fazem. Por quê?
Porque o transporte coletivo, nas grandes metrópoles, onde ocorrem os congestionamentos, é de má qualidade. No caso de São Paulo, seja pelas más condições dos veículos, como da sua condução, no caso dos ônibus. E pela superlotação no caso do Metrô e da CPTM, nos horários de pico.
Não obstante, segundo as pesquisas OD (Origem-Destino), realizadas decenalmente pelo Metrô de São Paulo, houve um incremento maior das viagens por meios coletivos do que pelos individuais. Com destaque para as vans e para o transporte escolar.
E verificou-se, também, um grande incremento na movimentação por bicicletas, 176% no Município de São Paulo e 87% na Região Metropolitana.
Esses números dizem que há uma redução relativa no uso do automóvel em face do transporte coletivo. Como a população continua crescendo e a frota de veículos também, no conjunto da Região Metropolitana e do Município de São Paulo, mais pessoas estão deixando o carro em casa e se movimentando por outros meios, sejam não motorizados ou motorizados coletivos.
Se considerarmos isso como tendência, os problemas dos congestionamentos estariam resolvidos, com a desejada transferência do modo individual para o coletivo. O que é falso: mais uma ilusão estatística.
Os dados até agora analisados referem-se à Região Metropolitana e à cidade de São Paulo, no conjunto. Os índices de congestionamento são medidos em uma amostra selecionada das principais vias, dentro do Centro Expandido, incluindo as Marginais do Pinheiros e do Tietê.
Uma análise mais criteriosa teria de focar a origem e destino dentro do Centro Expandido e, dentro desse, fazer uma diferenciação entre as áreas bem atendidas com o transporte coletivo e as mal ou pouco atendidas.
Qualquer discussão sobre a implantação ou não do pedágio urbano deve sair das considerações teóricas ou de experiências externas para avaliar conformação e evolução da mobilidade nas áreas onde esse pedágio poderia ser implantado.


* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica do Sindepark. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

Categoria: Fique por Dentro


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