Há incríveis 40 anos a cidade acompanha um debate estéril sobre a construção de estacionamentos subterrâneos no Centro, mas até agora as garagens só foram feitas, há aproximadamente nove anos, em dois pontos, longe dali: no Hospital das Clínicas e no Parque Trianon, ao lado do túnel da Avenida 9 de julho. Não que faltem interessados em explorar estacionamentos do gênero na carente área central. Tampouco faltam projetos: a Prefeitura preparou seis, que resultariam em 2,5 mil novas vagas e já deveriam ter saído do papel, não fosse o desinteresse da iniciativa privada nas propostas, concebidas para as praças Ramos de Azevedo, Dom José Gaspar e João Mendes, o Mercado Central, o Páteo do Colégio e a Avenida São João.
Segundo Sergio Morad, presidente do Sindicato das Empresas de Garagens e Estacionamentos do Estado de São Paulo (Sindepark), os projetos não atraem os empreendedores porque não contemplam a equação do negócio, que tem de combinar tarifa, rotatividade, financiamento e parceria com a Prefeitura, para resultarem lucro.
Roberto Mateus Ordine, vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), considera a falta de garagens e a escassez de moradores os principais problemas do Centro. E lembra que as propostas da entidade para solucioná-lo foram apresentadas ainda na gestão da prefeita Marta Suplicy: "Seria um negócio de concessão. Há muito interesse da iniciativa privada. A atual administração tem atacado outros problemas do Centro, mas este sem dúvida é fundamental". Uma das garagens subterrâneas propostas pela ACSP seria construída sob o Páteo do Colégio, que permitiria eliminar o estacionamento que fica atrás da igreja e servir aos prédios vizinhos. A que se estenderia sob o Mercado Municipal, na opinião do empresário, já perdeu a oportunidade: "Logo após a reforma, houve grande interesse turístico pelo mercado, inclusive porque o prédio tem salões que podem ser usados para eventos. Mas agora o interesse já se refluiu, pois não há infra-estrutura".
Tráfego
O trânsito no centro é moroso em horários de grande fluxo porque transitam por ali os veículos que se dirigem às regiões Leste-Oeste e Norte-Sul, as ruas são estreitas e há grande volume de semáforos, cruzamentos e travessias de pedestres. Boletins da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) registram 3.712 veículos em circulação na Avenida Ipiranga entre 8h e 9h da manhã e 2.888 entre 18h e 19h. E 5.790 e 3.701 veículos transitando na Senador Queiroz, respectivamente, entre 8h e 9h e 18h e 19h. Essa situação levou a CET a, recentemente, ampliar a Zona de Máxima Restrição de Circulação de 25 km para 100 km ao redor do Centro. Também foi instituído o rodízio para caminhões VUC (6,3 m de comprimento). A CET informa que as medidas ajudaram a reduzir a lentidão em 47% no horário de pico da manhã e até 13% à tarde/noite no Centro, segundo índices obtidos 45 dias depois que ambas passaram a vigorar.
Fonte: Diário do Comércio (SP), 26 de novembro de 2008