No Distrito Federal, há 50 mil autorizações para idosos e, todos os meses, cerca de 700 novas são emitidas. Mas atualmente só tem direito a usar a vaga o idoso credenciado no Departamento de Trânsito (Detran) e que esteja ao volante. O número de deficientes beneficiados é 3.164, sendo 1.550 condutores e 1.614 pessoas transportadas. Tais distinções deverão acabar até dezembro deste ano. As novas regras estão nas resoluções 303 (idosos) e 305 (deficientes), do Contran.
A permissão para que pessoas jovens estacionem em vagas de idosos - desde que estejam levando no veículo um com autorização - não está explícita no texto da resolução, mas nem é preciso, segundo o engenheiro do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Ítalo Marques Filizola. No entendimento dos membros da Câmara Temática de Engenharia de Tráfego do Contran, que elaborou a resolução, e da qual ele faz parte, já existem leis federais - entre elas o Estatuto do Idoso (10.741/03) e a que promove a acessibilidade (10.098/00) - que determinam a reserva de 5% e 2% das vagas para uso dos idosos e deficientes, respectivamente.
"Para nós, não interessa quem está dirigindo o carro. Desde que um idoso ou portador de deficiência física ou com dificuldade de locomoção desfrute do benefício assegurado na legislação - seja ele passageiro, dono do veículo ou motorista", afirmou.
O diretor-geral do Detran, Jair Tedeschi, considerou as resoluções genéricas demais. "O agente de trânsito ou o policial militar flagra uma pessoa sem autorização saindo de uma vaga para idosos. Ao ser abordado, esse motorista diz que deixou a mãe ou o pai no hospital, como é que vamos provar o contrário?", perguntou. Para Tedeschi, ao permitir que pessoa jovem estacione nas vagas especiais apenas com a ressalva que esteja transportando alguém credenciado facilitará a ação dos "espertinhos". Ítalo Marques concorda com o risco do mau uso do cartão. Mas ressaltou que é preciso facilitar o acesso de parcelas da população que quase sempre têm seus ignorados desrespeitados. Por isso, ele defende uma fiscalização eficaz. "Que os órgãos de trânsito façam campanhas sensibilizando o motorista de que o respeito à vaga é uma questão de civilidade e uma forma de melhorar a vida dos idosos", destacou.
O Distrito Federal está entre as unidades da Federação pioneiras em garantir vaga especial para idosos. Lá, a reserva existe desde 1999, bem antes do Estatuto do Idoso, de 2003. Mas, ainda hoje, há desrespeito por parte dos motoristas.
Fonte: Correio Braziliense (DF), 27 de janeiro de 2009