Em um ano, Bauru "ganhou" 13.453 veículos, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), aumento de 8,34% em comparação a dezembro de 2007. Se por um lado esse crescimento é motivo de comemoração por demonstrar aumento no poder de compra da população, por outro traz uma série de preocupações. Afinal, como acomodar esses milhares de carros e motos a mais em uma malha viária estagnada?
Segundo o Jornal da Cidade, as últimas grandes obras no setor viário foram feitas há mais de seis anos. De lá para cá, o trânsito de Bauru cresceu expressivos 42% e nada foi feito para dar maior fluidez aos veículos. Nenhum novo viaduto foi construído, ao contrário, um dos mais importantes (o Mauá, que liga o Centro à região oeste) está parcialmente interditado há quatro meses. Nenhuma nova rota foi aberta para dar alternativas aos motoristas.
As últimas mudanças foram a duplicação de um trecho da Avenida Nuno de Assis, próximo ao trevo de acesso à rodovia Marechal Rondon; o prolongamento da Avenida Getúlio Vargas; e a construção do acesso da Avenida Moussa Tobias à Avenida Nuno de Assis. Para o engenheiro de trânsito Archimedes Raia Júnior, é muito pouco para uma cidade que não pára de crescer, ao menos no quesito trânsito.
Além de a malha viária da cidade não estar preparada para receber uma quantidade tão grande de veículos, o aumento na frota preocupa também no aspecto ambiental.
Na região, outras duas cidades têm quase a mesma proporção de veículos/habitantes que Bauru. Tanto em Jaú quanto em Botucatu, o número de veículos é a metade do número de moradores. A diferença é que nessas duas cidades o aumento da frota foi acompanhado por medidas que ajudaram a organizar o trânsito. Tanto que em setembro do ano passado, Jaú recebeu o Prêmio Volvo de Segurança Viária pelos investimentos nas áreas de engenharia, educação e esforço legal, que, entre outros resultados, ajudou a reduzir acidentes. O prêmio, de abrangência nacional, contemplou outras três cidades: São José dos Campos, Cachoeirinha (RS) e Natal (RN).
Prédios já prevêem duas garagens
O crescimento da frota de veículos está ligado, basicamente, a dois fatores. A facilidade de financiamento possibilitou que pessoas que, até então, usavam ônibus passassem a ter o próprio carro ou moto. Este é um dos fatores. O outro é que essa mesma facilidade de compra levou as famílias a acumularem mais de um carro na garagem. Hoje é muito comum marido e mulher ter cada um seu carro ou pais e filhos com veículos separados.
Isso levou a um rearranjo no mercado imobiliário. Casas e apartamentos com duas garagens passaram a ser mais disputados.
Fonte: Jornal da Cidade (Bauru-SP), 25 de janeiro de 2009