Uma boa medida a ser tomada por quem pretende visitar o Cristo Redentor é invocar a Sua proteção.
Só assim se pode tentar escapar ileso ao ataque que falsos guias, taxistas desonestos e flanelinhas fazem ao bolso do turista.
Para avaliar as inúmeras irregularidades que vicejam em volta da estação do Trem do Corcovado e no entorno do Cristo Redentor, o relator da CPI da Desordem, o vereador Rogério Bittar (PMDB), fez no fim da manhã de ontem uma inspeção no local. As informações colhidas farão parte de um relatório que Bittar disse ficar pronto em setembro.
"Os principais problemas são os taxistas e falsos guias que abordam os turistas de forma agressiva para levá-los ao redentor por um preço extorsivo", disse Bittar, adiantando que convidará o Ministério Público para determinar quais irregularidades que podem ser consideradas crime.
O relações-públicas do Trem do Corcovado, Ricardo Pina, contou que os falsos guias mentem para os turistas para levá-los ao Cristo Redentor por preços em torno de R$50 por pessoa. A passagem da linha férrea custa R$ 36 (R$ 18 para os cariocas).
Eles dizem que o trem já está lotado ou que sofre assaltos no meio da mata. Dizem também que não garantem a segurança do turista caso ele não vá com eles.
"O dono do Trem do Corcovado já sofreu várias ameaças dessas pessoas", disse Pina, revelando que há um projeto para a construção de um estacionamento para 80 carros e 12 ônibus.
Se estivesse pronto, a dona-de-casa Emiliana Laiño de Brito, 27 anos, não precisaria deixar R$ 20 na mão de um dos muitos flanelinhas que atuam no local.
Pouco depois, ela foi abordada por "guias" com a informação de que o trem estava quebrado."Eles vestiam um uma camisa com logo da prefeitura. E os flanelinhas eram três rapazes grandes. Fiquei com medo de não dar o dinheiro e nem pechinchei. A polícia não pode impedir isso?", reclama.
Integrantes da CPI da Desordem já fizeram diligências na Lapa, Ipanema, Leblon e em Bangu. Bittar diz que já reuniu mil denúncias desde que a CPI foi instaurada, em 19 de abril.
O relator contou em Bangu, guardas municipais exigiram dele uma autorização de subprefeitura para que ele pudesse realizar a inspeção. Acha que pode existir uma cumplicidade para que o estado de desordem permaneça.
"Esse pedido de autorização não tem lógica. Com certeza está havendo proteção da parte de alguém para que a bagunça seja mantida", disse Bittar.
Fonte: Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), 11 de junho de 2007