Parking News

Jorge Hori*

A cidade de São Paulo é uma forte candidata a sediar jogos da Copa do Mundo de 2014.
Os seus objetivos, ou pretensões, são maiores, buscando sediar o jogo de abertura, para o qual deverá ter um estádio com capacidade acima de 60.000 lugares.
O único em condições de atender a essa escala é o Morumbi. Um eventual novo estádio, como o pretendido pelo Corinthians, enfrenta dificuldades de localização. O do Palmeiras terá capacidade em torno de 40 mil.
Com 60.000 lugares, para atender aos parâmetros da FIFA deverá ter uma oferta de cerca de 10.000 vagas de estacionamentos para carros, além de 500 lugares para ônibus, num raio de 1,5 km.
Para atender a essa condição, o São Paulo FC propôs a construção de um estacionamento em frente ao estádio, parcialmente elevado, e outro subterrâneo, com capacidade para cerca de 4.000 vagas.
Além das dificuldades aqui já citadas quanto ao seu funcionamento como "park and ride" e à viabilidade econômica, há os problemas institucionais.
Falta a modelagem econômica e institucional.
O estacionamento pretendido seria construído em área pública. Como tal, dependerá de concessão pública, o que requererá obrigatoriamente uma licitação prévia.
O fato de o clube ter já desenvolvido negociações com grupos interessados não significa que os mesmos se disponham a enfrentar uma licitação pública, com todos os problemas que esse processo envolve. Até hoje a Prefeitura Municipal não conseguiu concluir as licitações das garagens subterrâneas no Centro, por exemplo.
Uma alternativa a ser considerada é que a Prefeitura dê uma concessão de uso ao clube (o que também requereria uma licitação prévia). A partir daí, o clube faria a contratação da empresa construtora e operadora do estacionamento, num processo privado.
A questão institucional não pára aí, porque há duas questões adicionais que implicam participação pública.
A primeira é de engenharia: a Praça Roberto Gomes Pedrosa fica num vale de recepção das águas pluviais que descem dos diversos morros que a cercam e são carreadas pela Av. João Jorge Saad até o córrego Pirajussara, canalizado, para levar ao Rio Pinheiros. E desse, afinal, ao Tietê.
O complexo esportivo do São Paulo já tem histórico de inundações. Provavelmente por conta de reversão das águas.
Um estacionamento nessa área poderá requerer obras maiores para contenção das águas e evitar as infiltrações, o que encareceria o investimento a ser remunerado. Ou decorrer de uma PPP (Parceria Público Privada) em que o Poder Público ficaria responsável pelas obras de drenagem, sem comprometer o ativo a ser remunerado. Mas isso precisa ser definido logo.
O estacionamento serviria para os jogos, o que, pelas regras atuais e preferência dos clubes, só ocorre uma vez por semana.
O mais recente jogo no Morumbi (São Paulo 2 x Flamengo 0), no dia 14 de setembro de 2008, teve um público acima da média, alcançando mais de 30 mil pagantes. Isso levaria a uma estimativa de 4.500 veículos estacionados, a maior parte nas ruas adjacentes, com "pagamento" aos "flanelinhas".
Uma parte poderia usar o estacionamento, desde que custasse menos que os pedágios dos "flanelinhas". Mas, a menos que houvesse uma grande fiscalização, uma parte continuaria deixando na rua. Até mesmo por facilidade de evacuação.
Se considerada a média dos jogos do São Paulo no atual Campeonato Brasileiro, em torno de 15.000, a demanda seria da ordem de 2.250 veículos, insuficiente para lotar o estacionamento. Para a sua viabilização, a perspectiva ou expectativa é que funcione como um estacionamento "park and ride", destinado aos veículos daqueles que vêm do eixo da Av. Giovanni Gronchi para tomar o metrô, na Vila Sônia.
Significa uma caminhada de 1,2 km ou um sistema de transporte entre o estacionamento e a estação do metrô. Soluções tecnológicas existem, mas a pergunta é: quem vai investir? Com que retorno?
Ou seja, o Estádio seria a pedra da sopa, a cargo do setor privado. Mas para torná-la saborosa será necessário um conjunto de obras e serviços públicos.
Essa parceria ainda não está bem configurada e significa que está atrasada.

*Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica do Sindepark. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

Categoria: Fique por Dentro


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