Nas classes D e E, há uma concentração dos gastos com itens de menor valor: 21,6% das despesas a prazo são com aquisição de eletrodomésticos, eletrônicos e móveis. A prestação do carro é a segunda principal despesa (13,4%), enquanto a construção dos "puxadinhos" na casa ficam em terceiro lugar (10,5%). Para esses brasileiros, a casa própria ainda é um sonho: a prestação do imóvel representa apenas 4,2% das despesas a prazo.
A concentração das despesas a prazo com veículos na classe C ajuda a explicar o aumento da inadimplência, já que é no financiamento de automóveis que está concentrado o calote. A taxa de inadimplência na compra de veículos bateu o recorde de 5,9% em abril.
De acordo com Nicolas Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), as instituições financeiras mapearam que a inadimplência é maior entre os consumidores que compraram carros sem entrada com prazos longos para pagar.
"Por isso, os bancos voltaram a exigir entrada e reduziram os prazos. Depois das mudanças, a carteira de crédito melhorou muito", disse Tingas. "O consumidor trocou de emprego e nunca viu tanto crédito disponível. Muita gente se entusiasmou e comprou um carro sofisticado."
Fonte: O Estado de S. Paulo, 27 de maio de 2012